A recanalização das CTO melhora a qualidade de vida

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A presença de CTO é de aproximadamente 15% a 20% nas coronariografias dos pacientes com angina crônica estável, mas somente ao redor de 5% recebem angioplastia transluminal coronariana (ATC).

O sucesso nas CTO reduz a isquemia residual local e à distânciaUm dos impedimentos para realizar as recanalizações é a falta de estudos importantes que as justifiquem, embora disponhamos de diferentes estudos comparativos que melhorem os sintomas, a função ventricular e a sobrevida.

 

Este é um estudo randomizados 2:1, multicêntrico, aberto e controlado que comparou a ATC na CTO mais tratamento médico ótimo em 259 pacientes vs. 137 que receberam somente tratamento médico ótimo.


Leia também: Consistent CTO study: recanalização com as técnicas atuais e stent SYNERGY.


As características clínicas de ambos os grupos foram similares: a idade média foi de 65 anos; 31,6% eram diabéticos; e 52% apresentavam doença de múltiplos vasos.

 

O sucesso da ATC foi de 86,6%. Utilizou-se uma abordagem retrógrada em 35%, foram usados em média 2 stents e o comprimento foi de 65 mm.

 

As complicações hospitalares foram de 2,9% (4 tamponamentos cardíacos, 2 complicações vasculares que requereram cirurgia e 5 sangramentos que requereram transfusão). Nenhum paciente faleceu.


Leia também: Em que pacientes devemos tentar proceder à recanalização de uma oclusão total crônica?


Em um ano de seguimento o grupo de TMO recebeu mais medicação. A sobrevida livre de angina foi maior no grupo de ATC (71,6% vs. 57,8%; p = 0,008), bem como na escala SAQ (5,23, 95% intervalo de confiança 1,75; 8,71; p = 0,003), qualidade de vida (6,62, 95% intervalo de confiança 1,78-11,46; p = 0,007) e de atividade física. Os eventos cardíacos maiores foram similares.

 

Conclusão

A ATC nas CTO leva a uma melhora significativa do estado de saúde em pacientes com angina crônica estável em comparação com pacientes que receberam somente tratamento médico ótimo.

 

Comentário

Este estudo não aporta informação muito importante porque apesar de não haver diferenças na mortalidade em um ano (o que é bastante esperável), sim há melhora na qualidade de vida e diminuição na quantidade de medicação, o que proporciona maior conforto aos pacientes com uma baixa taxa de complicações periprocedimento não relacionada a mortalidade.

 

Além disso, devemos reconhecer que se está avançando e melhorando muito no terreno das CTO, sobretudo com o desenvolvimento de novos dispositivos, guias a maior experiência dos operadores e centros.

 

Recordemos que é muito importante na medicina aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. As recanalizações das CTO proporcionam benefícios em diferentes análises e não em termos de mortalidade, já que geralmente se trata de uma população de baixo risco.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título Original: A randomized multicentre trial to compare revascularization with optimal medical therapy for the treatment of chronic total coronary occlusions. the EUROCTO trial.

Referência: Gerald S.Werner European Heart Journal (2018) 0, 1–10.


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