Muitas esperanças tinham sido colocadas no estudo ARTS; e grande foi a posterior desilusão ao comprovar que não beneficiou com a técnica de dupla mamária sobre uma mamária mais pontes venosas em 10 anos de seguimento. Somente um subestudo do mencionado trabalho pôde mostrar alguma vantagem com as pontes radiais.
Similares esperanças foram postas na não utilização da bomba de circulação extracorpórea (off pump) onde a lista das potenciais vantagens aumentava todos os dias. No entanto, tudo isso só foi para trazer mais desilusão. Não há nada novo sob o sol no que se refere à cirurgia de revascularização miocárdica há muitos anos, o que não significa que o procedimento não seja uma excelente estratégia de revascularização para muitos pacientes, mas sim, significa, que se encontra em um platô e já não há estudos no horizonte para trazer esperanças de progresso neste campo.
A angioplastia continua avançando dia a dia, embora seu avanço também esteja chegando a um platô. Todos os novos dispositivos, mesmo com suas múltiplas vantagens teóricas, mostraram no melhor dos casos não inferioridade contra o gold standard dos dispositivos (o stent eluidor de everolimus). E isso sem mencionar a desilusão com as plataformas bioabsorvíveis.
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O presente trabalho comparou a longo prazo a sobrevida e a mortalidade após uma cirurgia de revascularização miocárdica com a utilização da bomba de circulação extracorpórea (on pump) ou sem ela (off pump).
Foram incluídos em um registro todos os pacientes submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica entre 2005 e 2011 por cirurgiões que tivessem realizado pelo menos 100 cirurgias off pump ou on pump (critério que os torna operadores especialistas). Analisou-se a sobrevida, o AVC, o infarto agudo do miocárdio, a revascularização repetida e a necessidade de nova diálise, tudo isso utilizando-se propensity score e outros métodos estatísticos para poder comparar as populações. O seguimento médio foi de 6,8 anos.
No mencionado período de tempo, 42.570 pacientes foram submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica, dentre os quais 6.950 foram off pump e 15.295 foram on pump e cumpriram com os critérios de inclusão do trabalho.
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A cirurgia off pump se associou a uma maior mortalidade (33,4% vs. 29,6% em 10 anos; HR 1,11; IC 95%: 1,04 a 1,18; p = 0,002) em comparação com a cirurgia on pump. Além disso, a cirurgia off pump se associou a mais chances de revascularização incompleta (15,7% vs. 8,8%; p < 0,001), fator que foi preditor de mortalidade a longo prazo (HR: 1,10; IC 95% CI: 1,03 a 1,17; p = 0,006) e a uma taxa de novas revascularizações também maior (15,4% vs. 14,0% em 10 anos; HR: 1,17; IC 95%: 1,01 a 1,37; p = 0,048).
Não foram observadas diferenças na taxa de AVC, infarto agudo do miocárdio ou nova diálise.
Conclusão
A cirurgia sem bomba de circulação extracorpórea (off pump) se associou a uma maior revascularização incompleta, maior taxa de novas revascularizações e maior mortalidade em 10 anos em comparação com a cirurgia com bomba (on pump). Tais dados sugerem que a cirurgia com bomba é a alternativa de escolha para a maioria dos pacientes que são submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica.
Título original: Long-Term Outcomes After Off-Pump Versus On-Pump Coronary Artery Bypass Grafting by Experienced Surgeons.
Referência: Joanna Chikwe et al. J Am Coll Cardiol 2018;72:1478–86.
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