Estudos recentes colocam em evidência o potencial daninho do oxigênio suplementar no contexto de AVCs ou infartos agudos do miocárdio. Os especialistas agora dizem que não deveria ser utilizado em pacientes com uma saturação > 92%.
Os guias publicados recentemente levaram em conta todos os estudos mais recentes, incluindo o DETO2X-AMI, que sugerem que a terapia com oxigênio suplementar pode incrementar a mortalidade em pacientes com saturação normal que estão cursando um infarto agudo do miocárdio.
Há até bem pouco tempo o oxigênio nos parecia representar um cuidado básico em pacientes críticos. De fato, até 25% dos pacientes que dão entrada em um centro de emergências o recebem. Os clínicos indicam oxigênio a muitos pacientes sem hipoxemia cursando um AVC e a quase todos os que dão entrada cursando um infarto.
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Os guias da Sociedade Europeia de Cardiologia foram modificados em 2017 e seguindo o DETO2X-AMI, sugeriram reduzir o ponto de corte para administrar oxigênio de < 95% de saturação a 90% em pacientes cursando um infarto.
A Sociedade Americana de Cardiologia (AHA) conjuntamente com a de AVC recomendaram manter a saturação acima de 94% em pacientes com AVC isquêmico. Os guias da AHA não são atualizados desde 2013 mas já recomendaram utilizar oxigênio somente com uma saturação < 90%, insuficiência ou dispneia. Nenhum dos guias mencionados dá informação sobre um limite superior nem quando o oxigênio suplementar deve ser suspenso.
Após analisar 25 trabalhos com mais de 16.000 pacientes, os autores concluem que há evidência suficientes para que a saturação não ultrapasse os 96%. Isso se deve ao fato de os valores acima de 96% levarem a um pequeno aumento da mortalidade sem nenhum outro benefício evidente.
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Podem restar dúvidas sobre o que fazer com pacientes com infarto e AVC e uma saturação entre 90 e 92%, mas para aqueles que tiverem a saturação acima de 92% está claro que não devemos fazer nada.
Título original: Oxygen therapy for acutely ill medical patients: a clinical practice guideline.
Referência: Siemieniuk RAC et al. BMJ. 2018; Epub ahead of print.
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