Vale a pena recanalizar uma oclusão total crônica? Esta pergunta ainda circula nos diferentes trabalhos, todos com foco nos desfechos clínicos. Este trabalho (que será proximamente publicado no J Am Coll Cardiol Intv.) analisa outro aspecto, que é o custo, não só da quantidade de materiais que podemos chegar a utilizar para ter sucesso, mas também dos materiais e da estadia hospitalar no caso de termos complicações.
Os custos foram calculados em 964 pacientes de 12 centros do registro OPEN-CTO (Outcomes, Patient Health Status, and Efficiency in Chronic Total Occlusion Hybrid Procedures) e os dados foram coletados de maneira prospectiva. Desenvolveu-se um modelo multivariado para estimar os maiores custos relacionados com a necessidade de prolongar uma intervenção devido a complicações.
O custo médio de cada hospitalização índice foi de USD 17.048 ± 9.904. 14,5% dos pacientes apresentaram ao menos uma complicação.
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Obviamente, os pacientes com complicações apresentaram mais custos hospitalares (50% mais altos) e uma estadia hospitalar de 1,5 dias maior que os pacientes sem complicações.
Sete complicações se associaram de maneira independente a um incremento direto dos custos e 6 a um aumento da estadia.
As perfurações significativas e os infartos periprocedimento foram as complicações que mais pesaram para elevar os custos.
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Ditos custos podem ter realidades muito diferentes, a depender do lugar onde realizamos nossa atividade, motivo pelo qual não são generalizáveis. Mas a balança do custo-benefício, para além do meramente monetário, deve ser aplicada em todos os pacientes. A clínica deve ser soberana nas oclusões totais. Se houver um grande comprometimento isquêmico em jogo e o paciente estiver sintomático, o procedimento deveria ser ao menos tentado, mesmo que seja considerado tecnicamente difícil. A situação oposta seria uma lesão muito simples, mas sem evidências de isquemia (evidências invasivas ou não invasivas) no contexto de um paciente assintomático. Tratar uma lesão assim é uma armadilha na qual não deveríamos cair.
Conclusões
As complicações têm um impacto significativo, tanto em termos de custos quanto no que se refere à estadia hospitalar, e isso sem considerar os eventos clínicos dos pacientes que recebem angioplastia em uma oclusão total crônica. Métodos para identificar com maior clareza os pacientes de alto risco e desenvolver estratégias para prevenir complicações não só reduziriam eventos mas também custos.
Ainda há determinadas angioplastias que não deveríamos nem sequer tentar sem sopesar cuidadosamente o risco-benefício.
Título original: In-Hospital Costs and Costs of Complications of Chronic Total Occlusion Angioplasty. Insights From the OPEN-CTO Registry.
Referência: Adam C. Salisbury et al. J Am Coll Cardiol Intv 2019, article in press.
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