Cada operador tem um registro de quantos casos realizou. A pergunta que fica é se já alcançou seu máximo potencial ou se ainda pode continuar somando experiência e melhorando os resultados. Em outras palavras, seria esperável que um operador com 1.000 casos realizados tenha melhores resultados que um operador com apenas 500 casos?
Estudos prévios com informação conflitiva não deixavam claro qual era a real curva de aprendizagem (que logicamente existe) para que os resultados dos diferentes operadores ou centros comecem a ser comparáveis.
O objetivo deste trabalho foi determinar, em primeiro lugar, se depois de uma curva de aprendizagem razoável os resultados e o volume de casos continuavam tendo relação e, em segundo lugar, se a havia variação entre as distintas gerações. Seria de se esperar que as novas gerações não só melhorem os resultados devido às mudanças no design do dispositivo, mas também sejam mais simples de serem utilizadas.
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Foram coletados os dados da base do registro TVT entre 2011 e 2017, incluindo mais de 60.000 pacientes. Os desfechos primários incluíram mortalidade após 30 dias, AVC e complicações vasculares maiores.
Para cada centro as complicações foram ordenadas cronologicamente, de acordo com a sequência de casos. Para determinar quando a curva de aprendizagem tinha terminado fez-se uma análise entre os primeiros 10 casos e até os 300. A curva de aprendizagem foi buscada comparando-se o número de casos e os resultados (volume/mês) por cada centro e a análise foi feita separadamente para todas as gerações da válvula expansível por balão, para a Sapien S3 somente e para a S3 somente em valvas nativas.
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Os operadores entraram em um platô entre os resultados e o volume de casos ao redor do caso 201. Daí em diante já não se observou relação entre o volume e os resultados. Não foi possível demonstrar curva de aprendizagem para a última geração (Sapien 3).
Conclusão
200 casos é o número mágico onde se observa a curva de aprendizagem e sua correspondente relação entre volume e resultados. Para além dos 200, esta relação deixa de existir. Mais importante ainda, não foi possível observar uma curva de aprendizagem para a última geração da válvula expansível por balão (Sapien 3), motivo pelo qual os operadores deveriam confiar em obter excelentes resultados com a última geração, inclusive no começo da experiência.
Título original: Case Volume and Outcomes After TAVR With Balloon-Expandable Prostheses Insights From TVT Registry.
Referência: Mark J. Russo et al. J Am Coll Cardiol 2019;73:427–40.
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