O objetivo deste trabalho foi determinar o valor prognóstico do fluxo facionado de reserva (FFR) nas artérias não culpadas dos pacientes admitidos com um infarto com supradesnivelamento do segmento ST.
Foram analisados os dados de todos os pacientes do estudo Compare-Acute (Comparison Between FFR Guided Revascularization Versus Conventional Strategy in Acute STEMI Patients With MVD) que depois de serem submetidos a angioplastia primária bem-sucedida foram avaliados com FFR e receberam tratamento médico. Os cardiologistas tratantes foram cegos para este valor de FFR.
O desfecho primário foi uma combinação de morte cardiovascular, revascularização das lesões avaliadas com FFR e não revascularizadas, infarto não fatal e revascularização do vaso alvo em 24 meses.
Foram incluídos 751 pacientes (963 vasos). As lesões não culpadas que não foram revascularizadas e apresentaram eventos mostraram um FFR significativamente mais baixo (0.78 vs. 0.84; p<0.001).
Esta diferencia foi significativa em todos os vasos.
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O FFR médio das lesões não culpadas originais que posteriormente se apresentaram como um infarto também foi mais baixo (0.79 vs. 0.84; p=0.016).
O anteriormente dito redunda em que a taxa de eventos foi significativamente maior (p < 0,001) no tercil de FFR mais baixo (< 0,80) em comparação com os dois tercis superiores (0,80 a 0,87 e > 0,88).
Este fenômeno já tinha sido visto em outros trabalhos. É necessário banir a ideia do FFR como um valor binário no corte de 0,8 e entender o método como uma variável contínua.
Quanto mais próximas forem de 0,8 as medições de uma determinada lesão, maiores serão as chances de dita lesão evoluir com eventos. Este aumento das chances não é linear, mas sim se dispara desproporcionalmente quanto mais perto estivermos de 0,8.
Conclusão
Em pacientes com infarto com supradesnivelamento do segmento ST e doença de múltiplos vasos que recebem tratamento médico nas lesões não culpadas após uma angioplastia primária bem-sucedida, observa-se uma relação não linear e inversa entre a medição do FFR nas lesões não culpadas e os eventos.
É importante ressaltar o fato de que um pior prognóstico é observado ao redor do ponto de corte de 0,8.
Título original: The Natural History of Nonculprit Lesions in STEMI. An FFR Substudy of the Compare-Acute Trial.
Referência: Zsolt Piróth et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:954–61.
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