O benefício em desfechos duros como mortalidade se fez esperar quando de recanalizações falamos, mas finalmente podemos ter acesso a essa informação. Os pacientes com oclusões totais crônicas (CTO) em que se tentou a recanalização como estratégia inicial mostraram uma maior sobrevida em comparação com os que receberam tratamento médico.
Como estratégia inicial de tratamento, a recanalização de uma oclusão total crônica não pôde demonstrar benefícios em desfechos duros a médio prazo em comparação com o tratamento médico ótimo. Este trabalho recentemente publicado no JAHA levou o seguimento a 10 anos para conseguir essa informação.
Entre 2003 e 2012 foram incluídos em um registro 2024 pacientes com uma oclusão total crônica com o objetivo de realizar um seguimento de 10 anos.
Foram excluídos 477 pacientes que previamente tinham recebido uma ponte em dita artéria, ficando 883 nos quais a recanalização foi considerada como primeira estratégia de tratamento e 664 que receberam tratamento médico ótimo.
Os pacientes com doença de múltiplos vasos foram tratados com angioplastia para as lesões obstrutiva não-CTO em ambos os grupos.
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No grupo em que inicialmente foi considerada a recanalização, esta foi bem-sucedida em 79,2% dos pacientes. Para além do sucesso, este grupo mostrou uma menor mortalidade cardiovascular no seguimento de 10 anos em comparação com o grupo que recebeu tratamento médico ótimo (10,4% vs. 22,3%; HR 0,44, IC 95%, 0,32 a 0,59; p < 0,001).
Os resultados continuaram sendo consistentes após a utilização do propensity score para equiparar as características basais das duas populações (13,6% vs. 20,8%; HR 0,64, IC 95%, 0,45 a 0,91; p = 0,01).
O benefício em mortalidade observado com a recanalização foi conduzido por uma separação das curvas que se manteve entre os 3 e os 10 anos (8,3% vs. 16,6%; HR 0,43, IC 95%, 0,27 a 0,71; p < 0,001) mas não antes (5,7% vs. 5,0%; p = 0,71).
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Os efeitos benéficos da recanalização foram consistentes em todos os subgrupos de pacientes.
Conclusão
A recanalização de uma oclusão total crônica como estratégia inicial de tratamento poderia reduzir a mortalidade a longo prazo em comparação com o tratamento médico ótimo. Os resultados deste trabalho devem ser confirmados por um seguimento similar nos estudos randomizados.
JAHA-120-019022Título original: Late Survival Benefit of Percutaneous Coronary Intervention Compared With Medical Therapy in Patients With Coronary Chronic Total Occlusion: A 10-Year Follow-Up Study.
Referência: Taek Kyu Park et al. J Am Heart Assoc. 2021;10:e019022. DOI: 10.1161/JAHA.120.019022.
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