Tratar um infarto com supradesnivelamento do ST em um paciente com TAVI coloca os cardiologistas intervencionistas diante de múltiplos desafios. Tempos porta-balão muito mais longos e taxas de falha na angioplastia primária muito mais altas que na população geral redundam em uma altíssima mortalidade a curto e médio prazo.
Este trabalho multicêntrico publicado recentemente no JACC incluiu 118 pacientes que foram admitidos cursando um infarto com supradesnivelamento do ST em uma média de 255 dias (intervalo de 9 a 680 dias) do implante valvar.
As características dos pacientes com infartos pós-TAVI que foram submetidos a angioplastia primária foram comparadas com as de 439 pacientes sem o antecedente do TAVI que foram submetidos a angioplastia primária no mesmo período.
O tempo porta-balão médio foi de 40 minutos na população com antecedente de TAVI vs. 30 minutos no resto (p = 0,003). O tempo do procedimento, o tempo de fluoroscopia, a dose de radiação e o volume de contraste foram significativamente maiores na população com TAVI (p < 0,01 para todos).
A taxa de falha da angioplastia primária foi 4 vezes maior nos pacientes com a válvula implantada (16,5% vs. 3,9%; p < 0,001), incluindo 5 pacientes nos quais nem sequer foi possível cateterizar a artéria culpada.
A mortalidade intra-hospitalar foi de 25,4% e a médio prazo (7 meses) foi de 42,4, o que é uma taxa altíssima.
A deterioração renal e uma classe Killip > 2 foram 3 vezes mais frequentes nos pacientes com antecedentes de TAVI (HR: 3,02; p = 0,004 e HR: 2,74; p = 0,004, respectivamente).
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Todos esses eventos que têm uma frequência tão superior na população com TAVI explicam a maior mortalidade a curto e médio prazo.
Conclusão
Os infartos com supradesnivelamento do ST em pacientes com antecedente de TAVI se associam com uma altíssima mortalidade a curto e médio prazo. Tempos porta-balão mais longos e taxas de falhas da angioplastia primária mais altos se devem, em parte, à dificuldade para aceder às coronárias.
Título original: ST-Segment Elevation Myocardial Infarction Following Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Laurent Faroux et al. J Am Coll Cardiol. 2021 May 4;77(17):2187-2199. doi: 10.1016/j.jacc.2021.03.014.
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