IVUS vs. iFR para tomar a decisão no tronco da coronária esquerda

Nenhuma lesão da árvore coronariana tem maior impacto no prognóstico que o tronco da coronária esquerda. Isso faz com que os cardiologistas intervencionistas tendam a exagerar ou subestimar as imagens angiográficas. Em outras palavras, na vida real nunca informamos uma angiografia com lesão moderada do tronco da coronária esquerda. 

IVUS vs OCT para guiar la angioplastia ¿Cuál elegir?

Essa realidade deve ser objetivada porque não é sem consequências enviar a cirurgia ou realizar angioplastia de uma lesão de tronco moderada só porque a angiografia nos deixa dúvidas. 

Dita variabilidade entre observadores terminou quando surgiram as publicações com ultrassom intravascular (IVUS). O corte de 6 mm2 de área luminal mínima por IVUS foi efetivo para tomar a decisão de revascularizar. 

Esses estudos ofereceram uma solução objetiva, mas despertaram algumas críticas. O desfecho de corte é um número absoluto que não leva em consideração o diâmetro de referência do vaso nem a superfície corporal do paciente. Uma mulher de contextura física pequena pode ter menos de 6 mm2 de área luminal mínima em um tronco perfeitamente sadio.

Essas dúvidas levaram à elaboração do presente estudo, publicado no Circulation, para avaliar com iFR as lesões do tronco da coronária esquerda com lesões intermediárias por angiografia. 

Foram incluídos 125 pacientes, que foram avaliados com iFR e IVUS. Identificou-se que um iFR ≤ 0,89 se correlaciona bem com uma área luminal mínima < 6 mm2. Este corte tem uma área sob a curva de 0,77 (77% de sensibilidade e 66% de especificidade; p < 0,0001).

Sessenta e nove pacientes sem lesões ostiais da descendente anterior ou da circunflexa mostraram uma área sob a curva de 0,84 (70% de sensibilidade e 84% de especificidade; p < 0,0001).


Leia também: Que endoleaks tipo 2 devem ser tratados?


Essa correlação não foi influenciada quando considerada a superfície corporal dos pacientes. 

A correlação é boa mas não parece ser suficiente para uma lesão como a do tronco da coronária esquerda. A isso devemos somar o fato de o IVUS não só ser útil para diagnosticar mas também para planejar a estratégia e otimizar o resultado da angioplastia.

Se a decisão terapêutica fosse a cirurgia de revascularização miocárdica e existissem outras lesões para serem avaliadas, poderia ser tentador utilizar iFR. No entanto, há evidência que mostra que a avaliação funcional das lesões não é útil quando a revascularização vai ser cirúrgica. 

Conclusão

O índice instantâneo no período livre de ondas (iFR) ≤ 0,89 se correlacionou bem com uma área luminal mínima < 6 mm2 por ultrassom intravascular (IVUS) em lesões intermediárias do tronco da coronária esquerda. Isso é válido sem importar a superfície corporal dos pacientes. 

Título original: Correlation of Intravascular Ultrasound and Instantaneous Wave-Free Ratio in Patients With Intermediate Left Main Coronary Artery Disease.

Referência: Circ Cardiovasc Interv. 2021 Jun;14(6):e009830. doi: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.120.009830.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Doença coronariana em estenose aórtica: dados de centros espanhóis em cirurgia combinada vs. TAVI + angioplastia

O implante valvar percutâneo (TAVI) demonstrou em múltiplos estudos randomizados uma eficácia comparável ou superior à da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). No entanto,...

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

TCT 2024 | FAVOR III EUROPA

O estudo FAVOR III EUROPA, um ensaio randomizado, incluiu 2000 pacientes com síndrome coronariana crônica ou síndrome coronariana aguda estabilizada e lesões intermediárias. 1008...

TCT 2024 – ECLIPSE: estudo randomizado de aterectomia orbital vs. angioplastia convencional em lesões severamente calcificadas

A calcificação coronariana se associa à subexpansão do stent e a um maior risco de eventos adversos, tanto precoces quanto tardios. A aterectomia é...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Estudo TRI-SPA: Tratamento borda a borda da valva tricúspide

A insuficiência tricúspide (IT) é uma doença associada a alta morbimortalidade. A cirurgia é, atualmente, o tratamento recomendado, embora apresente uma elevada taxa de...

Estudo ACCESS-TAVI: Comparação de dispositivos de oclusão vascular após o TAVI

O implante transcatéter da valva aórtica (TAVI) é uma opção de tratamento bem estabelecida para pacientes idosos com estenose valvar aórtica severa e sintomática....

Tratamento endovascular da doença iliofemoral para melhorar a insuficiência cardíaca com FEJ preservada

A doença arterial periférica (EAP) é um fator de risco relevante no desenvolvimento de doenças de difícil tratamento, como a insuficiência cardíaca com fração...