Esta análise confirma o potencial benefício da monoterapia de ticagrelor após um curto período de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) em pacientes que cursaram uma síndrome coronariana aguda (ACS).
Dito benefício se expressa em uma redução significativa dos sangramentos (3,6% vs. 7,6%; p < 0,001), sem que isso implique um comprometimento em termos de eventos isquêmicos (4,3% vs. 4,4%; p = 0,84).
Entretanto, isso poderia ser visto como uma simplificação excessiva do quadro clínico e, em tal sentido, existem muitas variáveis que merecem ser discutidas.
Quanto tempo de dupla antiagregação?
O estudo GLOBAL-LEADERS é o único trabalho que provou o benefício de suspender a aspirina um mês após a angioplastia, mesmo em um contexto agudo como o de um infarto com supradesnivelamento do segmento ST.
Apesar do grande risco isquêmico, não se pagou nenhum custo por reduzir pela metade os sangramentos. Estes resultados são similares aos do estudo TICO.
Leia também: Quão daninha é a aposição? Achados da OCT e eventos.
Minimizar o sangramento é uma estratégia atraente que pode ser levada ao limite graças às vantagens das novas gerações de DES. Um mês de aspirina poderia ser suficiente ou, poder-se-ia cogitar, inclusive, a não indicação da mesma, mas é necessário conseguir mais evidência específica para adotar tal conduta terapêutica.
Uma estratégia pode ser útil de maneira universal?
É necessário considerar o fato de que uma grande proporção de população asiática na coorte tem síndromes coronarianas agudas.
Embora a etnia não esteja incluída dentro dos critérios para definir o alto risco de sangramento, sabe-se que a população asiática tem uma média de índice de massa corporal e uma reatividade plaquetária diferente da população ocidental.
A evidência a favor da monoterapia de ticagrelor após uma angioplastia coronariana vem se acumulando, embora ainda não esteja claro o momento correto para suspender a aspirina e se algum subgrupo de pacientes poderia se beneficiar mais que outros.
Título original: Ticagrelor monotherapy following percutaneous coronary intervention for acute coronary syndrome in TWILIGHT patients: still a future for aspirin?
Referência: Mattia Lunardi et al. Eur Heart J. 2021 Jul 15;42(27):2708-2709. doi: 10.1093/eurheartj/ehab037.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos