Endocardite infecciosa em TAVI: qual é o melhor tratamento?

A taxa de endocardite infecciosa (EI) após o TAVI ronda 0,7% – 3,4%, dependendo das diferentes análises, sendo similar ao que ocorre com a cirurgia. 

Endocarditis infecciosa post TAVI

Nos pacientes submetidos a cirurgia, cerca de 50% requereu uma substituição valvar; no TAVI, a cifra é menor, possivelmente pelas características dos pacientes (embora este ainda não seja um tema absolutamente esclarecido). 

Fez-se uma análise do Registro Internacional de Endocardite Infecciosa em TAVI, comparando-se o tratamento antibiótico. 

Foram incluídos 473 pacientes que receberam tratamento antibiótico (ATB) e 111 que foram submetidos a uma substituição valvar aórtica (SVAO). 

Os pacientes que foram submetidos a cirurgia eram mais jovens, tinham um índice de massa corporal maior e menos insuficiência renal, além de apresentarem escores de risco para cirurgia mais baixos. 

O tempo médio entre o procedimento e o aparecimento dos sintomas pela EI foi de 5,7 meses (1-14). A presença de EI precoce foi mais frequente do que a tardia e as bactérias mais frequentes foram o Enterococos, Estafilococos Aureus e o Estafilococos Coagulase Negativa. 

Leia também: TAVI pós-endocardite: contraindicação ou última alternativa?

Os sintomas foram similares nos dois grupos, excetuando-se aqueles que receberam ATB, que apresentaram menos sintomas neurológicos. 

No eco-Doppler, o grupo SVAO evidenciou presença de vegetações, com um tamanho levemente maior, comprometimento perianular e afetação da plataforma do TAVI. Não houve diferenças no que se refere aos valores de insuficiência aórtica ou mitral. 

O tempo médio entre o início dos sintomas e a SVAO foi de 17,5 dias (6-41). A mortalidade hospitalar e em um ano de seguimento foi similar: 29,1% para os que receberam ATB vs. 32,6% para o grupo SVAO (HRunadj: 0,85; 95% CI: 0,58-1,25); e 47,1% vs. 48,2% (HRunadj: 0,88; 95% CI: 0,64-1,22), respectivamente.

Leia também: Para igual dose de contraste diferente risco de injúria renal de acordo com o procedimento.

Fez-se um ajuste das variáveis sem observação das diferenças na mortalidade hospitalar e em 12 meses (HRadj: 0,92; 95% CI: 0,80-1,05) e (HRadj: 0,95; 95% CI: 0,84-1,07), respectivamente.

Após ajustar as variáveis, os preditores de mortalidade hospitalar em 30 dias foram o EuroSCORE logístico, a insuficiência renal aguda, a bacteremia persistente e o choque séptico, sem haver diferenças na plataforma da válvula utilizada para o TAVI. 

Conclusão

Neste registro, a maioria dos pacientes submetidos a TAVI foram tratados somente com antibióticos. A cirurgia cardíaca não se associou a uma melhora na mortalidade por qualquer causa no âmbito hospitalar e em 12 meses de seguimento. 

A alta mortalidade em pacientes com EI com TAVI está fortemente relacionada com o pacientes, com as características patogênicas da bactéria e com as complicações relacionadas com a EI. 

Dr. Carlos Fava - Consejo Editorial SOLACI

Dr. Carlos Fava.
Miembro del Consejo Editorial de SOLACI.org

Título Original: Surgical Treatment of Patients With Infective Endocarditis After Transcatheter Aortic Valve Implantation

Referência: Norman Mangner, et al. J Am Coll Cardiol 2022;79:772–785.


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