O ticagrelor mostra benefícios na função microvascular coronariana após um IAMSEST

A disfunção microvascular coronariana (CMD) é um importante preditor prognóstico a longo prazo. O tratamento da CMD pode ser uma estratégia terapêutica efetiva para os pacientes que cursam uma síndrome coronariana aguda (SCA). No entanto, são necessários mais estudos para avaliar as diferentes estratégias de tratamento. 

El ticagrelor muestra beneficios en la función microvascular coronaria luego de un IAMSEST

No estudo PLATO (Study of Platelet Inhibition and Patient Outcomes), o ticagrelor comparado com o clopidogrel reduziu os eventos isquêmicos e a mortalidade total em pacientes com SCA. Propôs-se, então, que o ticagrelor poderia ter um efeito benéfico na microcirculação. 

Vários estudos avaliaram a redução da injúria microvascular com o ticagrelor em pacientes que foram submetidos a uma angioplastia coronariana no contesto de SCACEST. No entanto, não se conta com estudos em pacientes com SCASEST. 

O objetivo deste estudo randomizado, prospectivo e open label foi comparar o efeito do ticagrelor vs. o clopidogrel na função microvascular coronariana antes e depois de uma angioplastia coronariana em pacientes com SCASEST. 

Foram incluídos 118 pacientes, 60 designados ao grupo ticagrelor e 58 ao grupo clopidogrel. A idade média dos pacientes foi de 59 anos, 84% deles eram homens e 23% da população tinha diabetes. A artéria descendente anterior foi a mais frequentemente afetada no infarto, seguida da coronária direita. 

Leia também: OCT em pacientes com SCACEST: é seguro utilizá-la para evitar implante de stent?

O desfecho primário foi avaliar o índice de resistência microvascular (IMR) na artéria relacionada com o infarto entre os dois grupos. O desfecho secundário foi avaliar outros parâmetros da microcirculação coronariana (CFR, RRR e FFR); também foram incluídas as diferenças entre ditos parâmetros entre a artéria relacionada com o infarto e a artéria não culpada. 

Nas medições coronarianas fisiológicas basais, o IMR foi significativamente menor no grupo ticagrelor vs. o grupo clopidogrel na artéria relacionada com o IAM (p = 0,022). Por sua vez, o RRR foi mais alto no grupo ticagrelor em comparação com o outro grupo (p = 0,012). Não houve diferenças nas medições de CFR entre os dois grupos. Em relação à análise das medições basais na artéria não relacionada com o IAM, não houve diferenças entre os dois grupos. 

Após a angioplastia o IMR foi significativamente menor no grupo ticagrelor (p = 0,02) e o RRR pós-ATC foi mais alto no grupo ticagrelor (p = 0,04). No grupo ticagrelor, o IMR pós-ATC foi menor que o pré-ATC (p = 0,019), ao passo que não houve diferenças entre pré e pós-ATC no grupo clopidogrel. 

Conclusão

Em pacientes com SCASEST, o ticagrelor melhorou significativamente a função microvascular antes e depois da angioplastia coronariana em comparação com o clopidogrel. Houve um maior efeito na artéria relacionada com o IAM. 

Dr. Andrés Rodríguez
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org .

Título Original: Impact of Ticagrelor Versus Clopidogrel on Coronary Microvascular Function After Non–STSegment–Elevation Acute Coronary Syndrome.

Referência: James Xu et al Circ Cardiovasc Interv. 2022;15:e011419.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...