Na atualidade tem aumentado o número de pacientes nonagenários que são submetidos a angioplastia, seja de forma eletiva, seja de urgência ou emergência.
Este grupo de pacientes idosos se associa a mais comorbidades e praticamente não foi incluído na grande maioria dos estudos randomizados ou nos registros, o que redunda em ausência de evidência robusta.
Foi feita uma análise do J-PCI OUTCOME Registry na qual os pacientes foram divididos de acordo com sua idade em 4 grupos: 60-69 anos, com 13.155 pacientes (32,3%); 70-79 anos, com 16.874 (41,4%); 80-89 anos, com 9.813 (24,1%) e ≥ 90 anos, com 88 (2,2%).
No grupo dos nonagenários, em comparação com os pacientes mais jovens, houve maior presença de mulheres (54%) e um menor índice de diabetes, hipertensão, dislipidemia, tabagismo, insuficiência cardíaca e renal. No entanto, este grupo se associou com uma maior taxa de síndromes coronarianas agudas, doença de tronco da coronária esquerda e lesão de três vasos.
O acesso radial foi o menos utilizado no grupo dos nonagenários e não houve diferenças entre os grupos no que se refere à utilização de stents, balões com fármacos, tempo de procedimento ou sangramento do acesso. Não obstante, houve mais sangramentos não relacionados com o lugar do acesso em comparação com o resto dos grupos.
Em um ano de seguimento, a mortalidade e o sangramento foram maior nos pacientes nonagenários em comparação com os mais jovens, sendo 1,5 vezes superior que nos octogenários.
A morte cardiovascular, o infarto e o AVC nos ≥ 90 anos foram de 13,5%, 8,1% e 6,8%, respectivamente, em 12 meses de seguimento. Além disso, observaram-se taxas mais altas de síndromes coronarianas agudas fatais, insuficiência cardíaca e sangramento maior.
Os preditores de MACE em um ano foram o choque cardiogênico, a parada cardíaca e o uso de anticoagulantes.
Conclusão
Na era contemporânea, os nonagenários que são submetidos a ATC continuam tendo um considerável incremento de risco de evento cardiovasculares adversos, o que reduz sua sobrevida. Além disso, apresentaram lesões severas com eventos adversos que incluem MACE, morte e sangramento maior, ocorrendo 1,5 vezes mais nos pacientes nonagenários que nos octogenários.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: One-year outcome after percutaneous coronary intervention in nonagenarians: Insights from the J-PCI OUTCOME registry.
Referência: Kanichi Otowa, et al. Am Heart J 2022;246:105–116.
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