O tratamento endovascular do território femoropoplíteo foi se posicionando ao longo dos anos como uma estratégia de escolha com diversos dispositivos, entre eles os balões com eluição de fármacos (DCB). O objetivo dos balões é proporcionar o efeito antiproliferativo da droga e reduzir a exposição de um corpo estranho a um segmento específico da artéria.
Embora a quantidade de trabalhos sobre a efetividade dos DCB tenha crescido com o decorrer dos anos, há poucos dados que nos deem informação sobre os mecanismos de falha em sua utilização. O objetivo deste trabalho foi investigar as características clínicas, os fatores anatômicos e as variáveis relacionadas com o procedimento associadas à falha do DCB em território femoropoplíteo.
Fez-se uma análise retrospectiva de um conjunto de dados de vários trabalhos nos quais se usou balão eluidor de paclitaxel IN.PACT Admiral, entre eles o IN.PACT SFA, o MDT-2113 e o IN.PACT Global, o que aglutinou uma população de 83 centros de 17 países.
O desfecho primário foi a perda de perviedade primária (liberdade de revascularização clinicamente guiada e liberdade de estenose binária) durante o seguimento de 12 meses.
Foram obtidos dados de 557 pacientes, com lesões únicas tratadas com balão IN.PACT Admiral, idade média de 70 anos, população constituída por homens em 67,5%, com 87% de hipertensos, 40,5% de diabéticos e 38,2% de tabagistas. 46,2% dos pacientes apresentaram uma intervenção periférica prévia e a maioria deles foram Rutherford II (33%) e III (57,2%).
Observou-se uma perda de perviedade primária em 12 meses de 17,5%, reestenose binária de 15,6% e revascularização clinicamente guiada de 5,3%. Na análise multivariada a variável associada à perda de perviedade no seguimento foi a estenose residual > 30% (HR: 2,94, IC 95%: 1,76-4,92; p < 0,001).
A presença de uma estenose residual associada a um diâmetro de referência do vaso reduzido se associou a um incremento de 57% de reestenose binária (HR: 1,57, IC 95% 1,01-2,46; p = 0,046). Os pacientes com estenose residual que foram admitidos com Rutherford III apresentaram maior risco de revascularização clinicamente guiada (HR 4,19, IC 95% 1,68-10,46; p = 0,002).
Conclusões
Nesta análise de pacientes agrupados dos estudos que incluíram o dispositivo IN.PACT Admiral evidenciaram-se alguns fatores que podem predizer a falha da perviedade em 12 meses. Os de maior impacto foram a estenose residual posterior ao procedimento > 30%, um diâmetro de referência do vaso menor e o fato de a apresentação clínica ter sido um Rutherford III.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Determinants of Drug-Coated Balloon Failure in Patients Undergoing Femoropopliteal Arterial Intervention.
Referência: Krishnan, Prakash et al. “Determinants of Drug-Coated Balloon Failure in Patients Undergoing Femoropopliteal Arterial Intervention.” Journal of the American College of Cardiology vol. 80,13 (2022): 1241-1250. doi:10.1016/j.jacc.2022.06.043.
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