É seguro usar clopidogrel como monoterapia depois de 1 mês de dupla antiagregação em pacientes diabéticos?

Muitos estudos randomizados atuais têm sugerido que a estratégia de dupla antiagregação (DAPT) administrada em um período curto seguida de monoterapia reduz os sangramentos maiores sem aumentar os eventos cardiovasculares maiores após uma angioplastia coronariana (ATC). Uma metanálise de 6 estudos randomizados demonstrou o benefício da monoterapia com ticagrelor após um esquema curto de DAPT. Não contamos, no entanto, com dados sobre os resultados da monoterapia com clopidogrel. 

Aspirina o clopidogrel post TAVI: Guías y estudios llenos de contradicciones

Fez-se uma análise do estudo STOPDAPT-2 (Short and Optimal Duration of Dual Antiplatelet Therapy After Everolimus-Eluting Cobalt-Chromium Stent–2) e do STOPDAPT-2 ACS (Short and Optimal Duration of Dual Antiplatelet Therapy After Everolimus-Eluting Cobalt-Chromium Stent–2 for the Patients With ACS), dois trabalhos prospectivos multicêntricos randomizados levados a cabo no Japão. 

O objetivo deste subestudo foi avaliar a segurança e a eficácia do clopidogrel como monoterapia depois da DAPT de curto prazo em pacientes com diabetes submetidos a ATC. 

O desfecho primário (DP) foi uma combinação de morte cardiovascular, IAM, trombose de stent definida, AVC e sangramentos maiores ou menores em 1 ano segundo o TIMI. O desfecho secundário foram os componentes do DP. 

Dos 5997 pacientes, 33% eram diabéticos. Dentre eles, 1018 foram randomizados a 1 mês de DAPT e 1012 a 12 meses de DAPT. A idade média foi de 68 anos e a maioria dos pacientes eram homens. A forma de apresentação clínica mais frequente foi a síndrome coronariana aguda com elevação do segmento ST. 

Leia também: Podemos não antiagregar os pacientes após o TAVI?

A artéria mais tratada foi a descendente anterior. É importante frisar que este estudo apresentou 97% de utilização de imagens intravasculares, sendo o ultrassom intravascular (IVUS) o método utilizado com maior frequência. O tratamento antitrombótico mais utilizado foi o clopidogrel seguido de prasugrel. 

Em relação aos resultados, a incidência de DP em 1 ano foi maior em pacientes diabéticos em comparação com os não diabéticos (p = 0,004). Ao analisar os pacientes diabéticos, não houve diferenças em DP entre o grupo DAPT de 1 mês vs. DAPT de 12 meses (p = 0,55). O mesmo foi observado nos pacientes não diabéticos (p = 0,97).

Leia também: Há diferença entre as versões modernas da válvula balão-expansível e autoexpansível?

No que se refere aos sangramentos, o grupo de pacientes diabéticos com 12 meses de DAPT apresentou significativamente mais eventos que o grupo 1 mês de DAPT. Entre os pacientes não diabéticos, houve uma diferença em eventos hemorrágicos entre os dois grupos mas dita diferença não foi estatisticamente significativa. 

Conclusão

O tratamento com clopidogrel como monoterapia depois de 1 mês de DAPT em comparação com 12 meses de DAPT apresentou uma redução dos sangramentos maiores sem um incremento dos eventos cardiovasculares nos pacientes diabéticos. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do conselho editorial da SOLACI.org.

Título Original: Clopidogrel Monotherapy After 1-Month Dual Antiplatelet Therapy in Patients With Diabetes Undergoing Percutaneous Coronary Intervention.

Referência: Ko Yamamoto, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2022.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...