O tratamento borda a borda demonstrou, no acompanhamento, ser uma técnica segura e eficaz, diminuindo a mortalidade e as internações por insuficiência cardíaca quando se consegue um bom resultado.
O MitraScore foi desenvolvido para avaliar o resultado ao finalizar o procedimento. Em tal sentido, quando é < 3 representa uma insuficiência mitral leve e se relaciona com menor mortalidade, embora isso não tenha sido validado.
Foi levada a cabo uma análise prospectiva do Registro MITRA-PRO, que incluiu 1491 pacientes com insuficiência mitral severa primária, secundária ou mista. Dentre eles, 1059 apresentaram um MitraScore de 83 (71%) e 432 ≥4 receberam tratamento borda a borda.
O dispositivo utilizado foi o MITRACLIP XT, NT, NTR e XTR.
Os grupos foram similares: a idade média foi de 78 anos, 43% da população esteve composta por mulheres, 83% apresentavam hipertensão, 28% diabete, 60% doença coronariana, 18% CRM, 7% TAVI, 70% fibrilação atrial, 22% marca-passo definitivo, 17% AICD e 12% terapia de ressincronização cardíaca. Mais de 50% apresentavam uma insuficiência tricúspide moderada ou severa e a fração de ejeção foi de 44%.
A causa da insuficiência mitral foi secundária em 56% dos pacientes, degenerativa em 28% e mista no resto dos sujeitos estudados.
Não houve diferença com relação ao tratamento farmacológico recebido.
Em termos hospitalares, não houve diferença na taxa de mortalidade (1,6% vs. 1,9%), bem como no que se refere ao MACCE.
Em um ano de acompanhamento a mortalidade foi menor nos pacientes que apresentavam MitraScore ≤3 (14,6% vs. 22,1% HR: 1,63 95% CI: 1,25-2,13; p < 0,001), bem como a combinação de morte e re-hospitalização (31,5% vs. 40,8%, HR: 1,73 95% CI: 1,35-2,21; p < 0,0001), as re-hospitalizações e a necessidade de reintervenções.
Conclusão
A presença de insuficiência mitral residual intraprocedimento analisada por meio do MitraScore após a terapia borda a borda prediz em um ano a mortalidade e re-hospitalizações. Por isso, o MitraScore melhora a evolução da insuficiência mitral residual durante o tratamento borda a borda e talvez melhore a sobrevida dos pacientes.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Intraprocedural Residual Mitral Regurgitation and Survival After Transcatheter Edge-to-Edge Repair Prospective German Multicenter Registry (MITRA-PRO).
Referência: Peter Boekstegers, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2023;16:574–585.
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