Impacto prognóstico do escore de SYNTAX e do escore de SYNTAX II em pacientes com IAM

O infarto agudo do miocárdio (IAM) continua sendo uma entidade de importância significativa devido a sua associação com a morbimortalidade despois de um evento inicial. Portanto, é crucial levar a cabo uma estratificação prognóstica para os pacientes que o padecem. 

Impacto pronóstico del score SYNTAX y score SYNTAX II en pacientes con IAM

Uma das ferramentas que foi utilizada durante vários anos para este propósito são os escores de SYNTAX I (SS) e SYNTAX II (SS-II), que são de grande utilidade no momento de tomar decisões a respeito da seleção entre a angioplastia coronariana (ATC) e a cirurgia de revascularização miocárdica (CABG). O papel desses escores em pacientes com IAM que são submetidos a ATC foi, no entanto, escassamente investigado. O objetivo deste estudo retrospectivo e observacional foi avaliar o prognóstico a longo prazo de uma coorte de pacientes com IAM que foram submetidos a ATC. O desfecho primário (DP) foi definido como a taxa de mortalidade por todas as causas, ao passo que do desfecho secundário (DS) incluiu a taxa de mortalidade cardiovascular e a recorrência de IAM. Foram incluídos um total de 915 pacientes na análise, com um seguimento médio de 1137 dias. A idade média dos pacientes foi de 62 anos e a maior parte da população esteve composta por homens. O tipo de apresentação clínica mais frequente foi o IAM com elevação do seguimento ST (IAMCEST), representando 77% dos casos. A artéria  mais tratada foi a descendente anterior (63%), seguida da coronária direita (50%), da circunflexa (29%) e do tronco da coronária esquerda (3%). A doença de múltiplos vasos foi informada em 39% dos pacientes. 

Leia também: Subestudo TALOS AMI: troca de ticagrelor a clopidogrel em pacientes de alto risco de sangramento e IAM.

No tocante aos resultados, o DP foi observado em 11,7% dos pacientes, ao passo que as taxas de mortalidade cardiovascular e IAM recorrente foram de 8% e de 9,8%, respectivamente. Depois de realizar uma análise de regressão de Cox ajustado por ponderação de escore de propensão, constatou-se que o SS-II estava significativamente associado com o risco de mortalidade por todas as causas (HR 1,08; CI 1,06−1,10; p < 0,001), morte cardiovascular (HR 1,08; CI 1,06−1,10; p < 0,001) e IAM recorrente (HR 1,03; CI 1,01−1,05; p < 0,001). O SS também mostrou associação significativa com o risco de mortalidade por todas as causas (HR 1,02; CI 1,00−1,04; p = 0,017) e morte cardiovascular (HR 1,04; CI 1,01−1,06; p < 0,001), mas não se encontrou associação com a recorrência de IAM (HR 1,01; CI 0,99−1,03; p = 0,297).Em 5 anos, a análise ROC demonstrou que o SS-II tinha uma capacidade significativamente melhor para predizer a mortalidade por todas as causas em comparação com o SS (área abaixo da curva [AUC] 0,82 vs. 0,64; p < 0,001).   

Conclusão 

Em conclusão, nesta coorte de pacientes com IAM do mundo real tratados mediante ATC, o SS-II apresentou um melhor rendimento que o SS para estratificar o risco de mortalidade a longo prazo. Além disso, o SS-II, e não o SS, se destacou como um preditor independente da recorrência de IAM. Estes achados revelam a importância de integrar as características clínicas e anatômicas na estratificação prognóstica dos pacientes. 

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Prognostic significance of the SYNTAX score and SYNTAX score II in patients with myocardial infarction treated with percutaneous coronary intervention.

Referência: Marco Di Maio MD et al Catheter Cardiovasc Interv. 2023;1–9.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...