Subestudo TALOS AMI: troca de ticagrelor a clopidogrel em pacientes de alto risco de sangramento e IAM

A preferência pelo uso de potentes inibidores P2Y12 como o ticagrelor e o prasugrel em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) que são submetidos a angioplastia coronariana (ATC) se baseia em estudos randomizados e nas recomendações atuais dos guias médicos. Contudo, o uso do clopidogrel ainda é recomendado em pacientes com um alto risco de sangramento. Foram avaliadas diversas estratégias para equilibrar o risco trombótico e hemorrágico. 

Subestudio TALOS AMI: Traspaso de ticagrelor a clopidogrel en pacientes con alto riesgo de sangrado e IAM

El Estudio TALOS AMI (TicAgrelor Versus CLOpidogrel in Stabilized Patients with Acute Myocardial Infarction) ha investigado la desescalada de ticagrelor a clopidogrel después de un mes del IAM, demostrando una reducción en los eventos de sangrado en comparación con el tratamiento estándar de 12 meses con ticagrelor.

O objetivo deste subestudo do TALOS AMI (um estudo multicêntrico e randomizados de não inferioridade) foi examinar a eficácia e a segurança da desescalada de ticagrelor a clopidogrel depois da ATC, levando em consideração o risco de sangramento.

O desfecho primário (DP) foi definido como a incidência de eventos adversos clínicos, incluindo morte cardiovascular, IAM, acidente vascular cerebral (ACV) e sangramento de tipo BARC de graus 2. 3 ou 5. O desfecho secundário (DS) se centrou na taxa de sangramento BARC de graus 3 ou 5. Além disso, incluíram-se outros desfechos secundários, como eventos adversos cardíacos e cerebrovasculares maiores (MACCE), sangramento tipo BARC 2, 3 ou 5, morte por todas as causas, morte cardiovascular, IAM, revascularização guiada por isquemia e trombose do stent. 

Leia também: IAM e múltiplos vasos: podemos realizar um único procedimento?

Entre os pacientes analisados, 22,4% (589 pacientes) apresentavam um alto risco de sangramento (HBR), ao passo que 77,6% (2036 pacientes) não apresentavam dito risco. O grupo HBR se caracterizava por ser de maior faixa etária e ter uma proporção mais alta de mulheres. Além disso, apresentavam uma maior incidência de hipertensão arterial, diabete, ATC prévia, AVC e uma fração de ejeção inferior a 40%. Em ambos os grupos a artéria mais afetada foi a descendente anterior, e o tratamento de múltiplos vasos foi levado a cabo com maior frequência no grupo HBR em comparação com o grupo não HBR (p = 0,034). 

Com relação ao DP, sua incidência foi significativamente maior no grupo HBR (8,7% vs. 5,2%, HR 1,75, IC de 95%: 1,26-2,45; p = 0,001). Quanto ao sangramento de tipo BARC 2, 3 ou 5, o mesmo também foi mais frequente no grupo HBR (2,5% vs. 1,3%, HR: 2,01, IC de 95%: 1,07-3,78; p = 0,030). Além disso, a incidência de MACCE, sangramento BARC 3 ou 5, morte por todas as causas, morte cardiovascular e IAM foi maior no mesmo grupo, isto é, o HBR. Não foram observadas diferenças em termos de incidência de AVC, revascularização guiada por isquemia ou trombose do stent. 

Conclusão

A estratégia de desescalada de ticagrelor a clopidogrel 1 ano após o IAM foi segura e eficaz em termos de uma menor taxa de eventos adversos clínicos, independentemente do risco de sangramento. Além disso, esta estratégia mostrou um maior efeito na redução dos sangramentos de tipo BARC 3 ou 5 no grupo de pacientes com alto risco de sangramento. Portanto, a desescalada de ticagrelor a clopidogrel poderia ser considerada uma opção razoável em pacientes com IAM e alto risco de sangramento. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: De-escalation from ticagrelor to clopidogrel in patients with acute myocardial infarction: the TALOS-AMI HBR substudy.

Referência: Min Chul Kim1 , MD, PhD et al EuroIntervention 2023;19.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Síndromes coronarianas agudas com lesões de múltiplos vasos: qual é a melhora estratégia de revascularização?

O tratamento de escolha nas síndromes coronarianas agudas (SCA), especialmente no infarto agudo do miocárdio (IAM), e á angioplastia primária. No entanto, entre 40%...

Técnica de RODIN-CUT: cutting balloon sucessivo em lesões calcificadas

A calcificação das coronárias, seja ela moderada ou severa, pode ser um marcador de mal prognóstico na doença coronariana, já que incrementa significativamente o...

A revascularização melhora a fração de ejeção nas oclusões totais crônicas?

As oclusões totais crônicas (CTO) representam um desafio significativo na prática clínica atual, já que sua abordagem mediante angioplastia coronariana (ATC) é complexa e...

Timing na revascularização completa na síndrome coronariana aguda: acompanhamento de dois anos do estudo BIOVASC

O conceito de revascularização completa (RC) foi amplamente estudado, gerando diversas abordagens e debates sobre o momento ótimo para realizá-la. O estudo BIOVASC explorou o...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Revise as técnicas de angioplastia em bifurcações a partir de uma perspectiva totalmente diferente.

Agora você pode assistir em nosso canal do YouTube ao evento que realizamos em conjunto com a Medtronic, intitulado: "Visualizações de Diferentes Técnicas de...

Síndromes coronarianas agudas com lesões de múltiplos vasos: qual é a melhora estratégia de revascularização?

O tratamento de escolha nas síndromes coronarianas agudas (SCA), especialmente no infarto agudo do miocárdio (IAM), e á angioplastia primária. No entanto, entre 40%...

Bolsa de Pesquisa SOLACI Research 2025

Por iniciativa da diretoria (em conjunto com a área de pesquisa), a SOLACI está lançando uma bolsa de pesquisa com o objetivo de melhorar...