Registro REPLICA-EPICA 18: Utilização de IVL em lesões coronarianas calcificadas

A presença de calcificação nas artérias coronarianas (CAC) continua sendo o principal desafio no tratamento percutâneo. Diversos estudos demonstraram a associação da CAC com resultados desfavoráveis a longo prazo. A litotripcia intravascular (IVL) surgiu como uma ferramenta eficaz para fraturar as placas calcificadas. Os estudos que avaliaram dita estratégia mostraram altas taxas de sucesso do dispositivo, com bons resultados clínicos e angiográficos, com a ressalva de não se tratarem de estudos randomizados. 

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O objetivo deste estudo prospectivo e multicêntrico foi avaliar a efetividade e a segurança da IVL em lesões calcificadas em uma coorte de pacientes consecutivos do “mundo real”. 

O desfecho primário (DP) de eficácia foi o sucesso do procedimento, definido como uma angioplastia coronariana percutânea (ATC) bem-sucedida com uma estenose residual inferior a 20% e sem complicações intra-hospitalares (morte cardíaca, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou necessidade de revascularização do vaso tratado (TVR)). O desfecho secundário (DS) de segurança foi a taxa de eventos adversos maiores (MACE), definidos estes como morte, IAM ou TVR. 

Foram incluídos 426 pacientes com 456 lesões. A idade média foi de 73 anos e havia uma maior prevalência de homens. A apresentação clínica mais frequente foi a síndrome coronariana aguda (SCA), que ocorreu em 63% dos casos. A maioria dos pacientes apresentavam uma boa função ventricular (FEj > 50%) e o acesso radial foi o mais utilizado (76%). A artéria mais afetada foi a descendente anterior (44%), seguida da coronária direita (31%), da circunflexa (12%) e do tronco da coronária esquerda (11%).

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O DP foi alcançado em 66% dos pacientes, com taxas similares entre aqueles com SCA (65%) e os que apresentavam síndromes coronarianas crônicas (SCC) (68%). Não houve diferenças significativas no que se refere ao sucesso angiográfico após a IVL entre esses dois grupos de pacientes. No tocante ao DS, a taxa de MACE em 30 dias foi de 3%, sendo 1% nos pacientes com SCC e de 5% nos pacientes com SCA (p = 0,073). 

Conclusão

A utilização da IVL demonstrou ser um procedimento factível e seguro em uma população de pacientes do “mundo real”, facilitando efetivamente o implante de stents em lesões severamente calcificadas. Os pacientes com SCA mostraram taxas de sucesso angiográfico similares, mas com uma tendência a uma maior incidência de MACE em 30 dias em comparação com os pacientes com SCC. São necessários mais estudos de longo prazo para avaliar os benefícios clínicos associados a essa ferramenta terapêutica.

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: A Prospective, Multicenter, Real-World Registry of Coronary Lithotripsy in Calcified Coronary Arteries The REPLICA-EPIC18 Study.

Referência: Oriol Rodriguez-Leor, MD, PHD et al J Am Coll Cardiol Intv 2024.


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