A valva aórtica bicúspide representa um desafio significativo no TAVI por sua complexidade anatômica e pela importante presença de calcificações. Além disso, costuma ser mais comum em pessoas jovens e de baixo risco.
Devido ao fato de não terem sido incluídas nos grandes estudos randomizados, na atualidade dispomos, no que às valvas bicúspides se refere, apenas de informação de registros com seguimentos de um ou dois anos, sem dados de longo prazo.
O ensaio Evolut Low Risk Bicuspid incluiu 150 pacientes de baixo risco com estenose aórtica por valva bicúspide.
O desfecho primário (DP) foi a morte por qualquer causa ou o AVC incapacitante.
A idade média dos pacientes foi de 70 anos, sendo 48% da população composta por mulheres e o STS de mortalidade foi de 1,3%. 74,7% dos pacientes apresentam hipertensão, 24,7% diabetes, 17,7% DPOC, 4% tinham sofrido um infarto, 7,3% tinham sido submetidos a ATC, 1,3% a CRM, 6,7% tinham sofrido um AVC, 9,3% tinham doença vascular periférica, 7,3% fibrilação atrial, 2,7% contavam com um marca-passo definitivo ou AICD.
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A fração de ejeção foi de 63%, o gradiente médio foi de 50 mmHg e a AVAO foi de 0,5 cm².
O Tipo I de Sievert foi o mais frequente (90,7%, com a fusão direito-esquerda sendo a mais comum em 78%, seguida da fusão direita não coronariana com 19,9% de incidência, e a esquerda não coronariana ocorrendo em menor frequência, em 1,5% dos casos). O Tipo 0 representou 9,3%, não tendo havido casos de Tipo 2.
Os resultados do DP em 1, 2 e 3 anos foram de 1,3% (IC de 95%: 0,3%-5,3%), 3,4% (IC de 95%: 1,4%-8,1%) e 4,1% (IC de 95%: 1,6%-10,7%), respectivamente.
A mortalidade por qualquer causa em 1, 2 e 3 anos foi de 0,7% (IC de 95%: 0,1%-4,7%), 2,1% (IC de 95%: 0,7%-6,3%) e 2,8% (IC de 95%: 0,8%-9,1%), respectivamente, o AVC incapacitante de 0,7% (IC de 95%: 0,1%-4,8%), 1,4% (IC de 95%: 0,3%-5,6%) e 2,1% (IC de 95%: 0,5%-8,3%).
A mortalidade cardiovascular em 1 e 3 anos foi de 1,4% (IC de 95%: 0,2%-7,6%) e 4,9% (IC de 95%: 2,0%-11,8%), respectivamente.
A necessidade de marca-passo definitivo foi de 19,4% em 3 anos, e a incidência de endocardite, trombose valvar e hospitalizações por insuficiência cardíaca foi baixa.
Na análise ecocardiográfica em 3 anos o gradiente foi de 9,1 mmHg, a AVAO foi de 2,2 cm² e nenhum pacientes apresentou regurgitação moderada ou severa.
Todos os pacientes melhoraram sua classe funcional e qualidade de vida.
Conclusão
Em 3 anos de seguimento, os resultados do Estudo Evolut Low Risk Bicuspid demonstraram uma baixa taxa de mortalidade por qualquer causa ou AVC incapacitantes, e um perfil hemodinâmico favorável.
Título Original: 3-Year Outcomes From the Evolut Low Risk TAVR Bicuspid Study.
Referência: Firas Zahr, et al. JACC Cardiovasc Interv 2024;17:1667–1675.
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