Oclusões totais crônicas, desafiadoras, mas muito viáveis

Título original: Predictors of Reocclusion After Successful Drug-Eluting Stent–Supported Percutaneous Coronary Intervention of Chronic Total Occlusion. The Florence CTO PCI Registry. Referência: Renato Valenti et al. J Am Coll Cardiol 2013; article in press.

Registros anteriores mostraram diminuição da mortalidade em pacientes com recanalização bem-sucedida de oclusão total da coronária crônica (CTO), em comparação com aqueles cujo procedimento foi bem-sucedido ou não foi tentado. 

Intuitivamente, o benefício da mortalidade estaria relacionado principalmente com a permeabilidade do vaso recanalizado. O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência e identificar preditores de reoclusão após recanalização coronariana crônica bem-sucedida com stents medicamentosos (DES).

A indicação para o procedimento foi definir miocárdio viável no território do vaso ocluído enquanto nenhuma característica angiográfica da CTO foi considerada uma contraindicação para tentar a recanalização. O desfecho primário foi a reoclusão do vaso no acompanhamento angiográfico. Entre 2003 e 2011, tentou-se recanalizar pelo menos uma CTO em 1.035 pacientes consecutivos de um centro. Do total, em 802 pacientes (77%) o procedimento foi bem-sucedido. O acompanhamento angiográfico foi realizado em 82% da população apta, sendo que os restantes estavam livres de angina. 

O desfecho primário (taxa de reoclusão) foi de 7,5%, em geral, com uma diferença significativa entre os DES de 1° geração (Cypher e Taxus) em contraste com Xience V (10,1% em contraste com 3% respectivamente; p=0,001). No ano, a mortalidade foi de 3,2%; infarto, 0.9%; e revascularização, 12,8%, para a população geral. Eventos cardiovasculares maiores (MACE) foram significativamente menores com Xience V em contraste com DES de 1.ª geração (11,6% contra 19%, respectivamente, p=0,005), principalmente devido à menor revascularização.

Conclusão: 

A recanalização de uma oclusão total crônica está associada a uma menor incidência de reoclusão do vaso tratado.

Comentário editorial: 

São limitadores, como em qualquer registro, a ausência de randomização e se tratar de da experiência de um único centro, embora, por outro lado, é a maior série de CTO com DES e acompanhamento angiográfico. O sucesso inicial de 77% é mais do que aceitável, considerando que nenhuma característica angiográfica foi contraindicação, e uma vez obtido o sucesso, uma taxa de revascularização de 10,5% com stents liberadores de everolimus é ainda melhor. Este trabalho não convida a tentar e ganhar experiência em recanalizações.

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