Revascularização completa no mesmo procedimento, mais efetiva quanto ao custo e com a mesma segurança que em etapas.

Título original: Staged Versus One-time Complete Revascularization With Percutaneous Coronary Intervention for Multivessel Coronary Artery Disease Patients Without ST-Elevation Myocardial Infarction. Referência: Edward L. Hannan et al. Circ Cardiovasc Interv 2013;6;12-20.

Existe evidência de que nos pacientes com doença de múltiplos vasos, passando por uma síndrome coronariana aguda (SCA) com supradesnível do segmento ST, deve ser tratada somente a lesão culpada e relegar as outras lesões, exceto se houver instabilidade hemodinâmica. 

No entanto, nos pacientes com SCA sem supradesnível do ST e nos pacientes estáveis a estratégia não é tão clara e há uma grande variabilidade entre os diversos centros. O objetivo desse estudo observacional foi examinar a mortalidade em três anos dos pacientes com doença de múltiplos vasos, estáveis o com SCA sem supradesnível do ST, submetidos à revascularização completa (RC) no mesmo procedimento em contraste com RC em etapas (dentro dos 60 dias do procedimento indicador). 

Foi incluído um total de 5.193 pacientes com SCA sem supradesnível do ST (79,4% RC no mesmo procedimento em contraste com 20,6% RC em etapas) e 5.181 pacientes crônicos estáveis (69,5% RC no mesmo procedimento em contraste com 30,5% RC em etapas). Foi utilizado propensity score para emparelhar as diferenças nas características basais, permanecendo finalmente para análise 2.080 pacientes com SCA sem supradesnível do ST e 3064 pacientes crônicos estáveis. Nos pacientes com SCA sem supradesnível do ST foi observada uma mortalidade em três anos no grupo RC no mesmo procedimento de 6,59% em contraste com 5,92% do grupo RC em etapas (p=0,22).

Nos pacientes crônico estáveis foi observada uma mortalidade em três anos no grupo RC no mesmo procedimento de 5,62% em contraste com 5,97% do grupo RC em etapas (p=0,68). A mortalidade para ambos os grupos também foi semelhante após seis meses, um ano e dois anos.

Conclusão: 

A mortalidade em três anos foi semelhante em pacientes submetidos à revascularização completa no mesmo procedimento em contraste com revascularização completa em etapas tanto para os que sofriam uma síndrome coronariana aguda sem supradesnível do segmento ST como nos crônicos estáveis.

Comentário editorial: 

O estudo excluiu da análise os pacientes que poderiam ter tido razões clínicas ou anatômicas para realizar o procedimento em etapas e também aqueles com oclusões totais, com insuficiência renal ou que receberam um alto volume de contraste durante a primeira metade do procedimento. Uma limitação do estudo é ter analisado somente a mortalidade sem ter informação sobre outros pontos como lesão renal por contraste ou elevação enzimática periprocedimento. Além do supradito, a revascularização completa no mesmo procedimento ou em etapas dentro de 60 dias parece equivalente em termos de mortalidade em longo prazo, o que permite discutir com mais tranquilidade tanto com o paciente quanto com o seu médico de cabeceira a estratégia a seguir. Um ponto não nos importante é a economia para o Sistema de Saúde do custo de internação quando se realiza um só procedimento; no entanto, isto deve ser analisado de acordo com as políticas de cada país em particular. 

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...