Balão liberador de paclitaxel na região femoropoplítea

Título original: Paclitaxel-Coated Versus Uncoated Balloon Angioplasty Reduces Target Lesion Revascularization in Patients With Femoropopliteal Arterial Disease. A Meta-Analysis of Randomized Trials. Referência: Salvatore Cassese et al. Circ Cardiovasc Interv. 2012;5:582-589.

A angioplastia com balão é uma das alternativas mais frequentemente utilizadas nos pacientes com doença vascular periférica especialmente na região femoropoplítea

No entanto, sua eficácia vê-se reduzida tanto no curtíssimo (recoil elástico, dissecação com comprometimento do fluxo, dilatação abaixo do ideal) como no médio prazo (reestenose). Os balões liberadores de paclitaxel demostraram diminuir a perda tardia de lúmen, mas essa informação surgiu de estudos com reuzido número de pacientes e sem a força suficiente para demonstrar também uma redução nas reintervenções. 

Para esclarecer algumas dessas dúvidas, se realizou este meta-análise que incluiu 4 trabalhos e um total de 381 pacientes com doença vascular periférica na região femoropoplítea randomizados para a angioplastia com balão convencional ou liberador de paclitaxel. Foram incluídos tanto pacientes com lesões de novo como com angioplastia anterior (com ou sem stent). O implante provisório de stent foi permitido em caso de resultado abaixo do ideal após a dilatação. As características clínicas de ambos os grupos estiveram bem equilibradas em todos os trabalhos representando uma típica população com doença vascular periférica.

O acompanhamento médio foi de 10,3 meses e a perda tardia de lúmen em milímetros em 6 meses foi o desfecho primário em todos os estudos. A revascularização da lesão alvo aconteceu em 90 pacientes no total (25%), com uma significativa redução a favor dos balões medicamentosos em contraste com os convencionais (12,2% em contraste com 27,7% respectivamente; p<0,0001). O número necessário a tratar para evitar um revascularização foi de 4. A morte por qualquer causa aconteceu em 18 pacientes (4,8%), sem diferenças entre ambos os grupos (p=0,95).

Conclusão: 

Os balões liberadores de paclitaxel comparados com os balões convencionais em pacientes com doença vascular periférica na região femoropoplítea mostraram melhores resultados em termos de reestenose e necessidade de revascularização. O impacto destes resultados em populações mais desafiadoras ou seu papel comparado com outras alternativas como o stent devem ser examinados em novos estudos.

Comentário editorial: 

Uma redução absoluta de 25% na necessidade de revascularização conduzem a pensar que os balões medicamentosos deveriam ser a primeira opção. No entanto, a ausência de dados clínicos (distância de caminhada, cicatrização de ferida, taxa de amputação, etc.) somado a seu custo fizeram que seu alcance na prática diária seja relativamente reduzido. Nesse contexto surgem no mercado novos stents e alguns, até mesmo medicamentosos que tornam difícil estabelecer um padrão-ouro de tratamento além dos que dizem as diretrizes. Sem dúvida deverá passar mais tempo e mais estudos para saber com que materiais será realizada a melhor angioplastia na região femoropoplítea. 

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