Maior segurança com bivalirudina que com heparina como monoterapia em pacientes sem supradesnivelamento do segmento ST.

Título original: Heparin monotherapy or bivalirudin during percutaneous coronary intervention in patients with non-ST-segment elevation acute coronary syndromes or stable ischemic heart disease: results from the Evaluation of Drug-Eluting Stents and Ischemic Events registry. Referência: Bangalore S et al. CircCardiovascInterv. 2014;Epub ahead of print.

A bivalirudina comparada com a heparina não fracionada como monoterapia associa-se a um menor risco de sangramento sem aumentar o risco de eventos isquêmicos incluindo a trombose do stent tanto em pacientes que recebem angioplastia no contexto de uma síndrome coronária aguda sem supra desnivelamento do segmento ST como os que recebem angioplastia em forma programada.

O registro EVENT (Evaluation of Drug-Eluting Stents and IschemicEvents) recrutou 1480 pacientes cursando uma síndrome coronária aguda e 3517 pacientes que ingressaram em forma programada para angioplastia entre 2004 e 2007. Todas as angioplastias foram realizadas com bivalirudina ou heparina a critério do operador.

Foi utilizado propensity score entre os que ingressaram cursando uma síndrome coronária aguda sem supra desnivelamento do segmento ST, ficando 518 pacientes em cada grupo para a análise final,  não sendo observadas diferenças quanto ao combinado de morte ou infarto (5.6% vs 6.8%; p= 0.45) ou trombose do stent (0.4% vs 0%; p=0.47).

A bivalirudina foi associada com um 36% menos de risco no combinado de sangramentos intra hospitalares (sangramento relacionado ao acesso clinicamente importante, sangramento TIMI maior e menor ou necessidade de transfusão) com 6% para heparina e 2.7% para bivalirudina (p=0.01).

Comparado com a monoterapia de heparina, devem-se tratar 30 pacientes (NNT) com bivalirudina para evitar um evento hemorrágico. Também foi utilizado o propensity score entre os que ingressaram em forma programada para angioplastia, ficando 1031 pacientes em cada grupo para a análise final que obteve resultados similares aos anteriores porém com um número necessário a tratar de 53 em vez de 30.

Conclusão

Em pacientes cursando uma síndrome coronária aguda ou com cardiopatia isquêmica estável que recebem angioplastia coronária, a bivalirudina comparada com a heparina não fracionada como monoterapia associa-se a um menor risco de sangramento sem aumentar o risco de eventos isquêmicos incluindo a trombose do stent.

Comentário editorial

O benefício com relação ao sangramento observado com a bivalirudina parece claro nos pacientes agudos em concordância com a maior parte da evidência publicada. Para os pacientes programados a margem é muito menor e o custo benefício é mais difícil de sustentar.

Além do mais, é importante levar em conta que 98.9% dos pacientes deste registro foram tratados por acesso femoral o que claramente beneficiou à bivalirudina. Ainda não foi publicado um estudo randomizado que testando a bivalirudina contra a heparina como monoterapia em pacientes estáveis que recebam acesso radial.

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...