Alto risco de sangramento: continua sendo justificável o uso de BMS?

Título original: Is Bare-Metal Stent Implantation Still Justifiable in High Bleeding Risk Patients Undergoing Percutaneous Coronary Intervention? A Pre-Specified Analysis From the ZEUS Trial. Referência: Sara Ariotti et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016;9(5):426-436.

 

Este trabalho investigou os eventos isquêmicos e hemorrágicos em pacientes com alto risco de sangramento que foram randomizados para stent eluidor de zotarolimus Endeavor (ZES) vs. stents convencionais (BMS) seguido de um período curto de dupla antiagregação plaquetária tanto em pacientes com doença coronária estável quanto instável.

Os stents farmacológicos são controversos em pacientes com alto risco de sangramento, já que um período de dupla antiagregação prolongado poderia não ser seguro.

O estudo ZEUS (Zotarolimus-Eluting Endeavor Sprint Stent in Uncertain DES Candidates) foi um trabalho multicêntrico, randomizado e simples cego que incluiu 828 pacientes com alto risco de sangramento a receber ZES ou BMS seguido de 30 dias de dupla antiagregação plaquetária.

O desfecho primário foi uma combinação de morte, infarto e revascularização em 12 meses, que deu como resultado 22,6% com ZES vs. 29% com BMS (HR: 0,75; IC 95% 0,57 a 0,98; p = 0,033).

Esta diferença esteve basicamente conduzida por uma menor taxa de infarto agudo do miocárdio (3,5% vs. 10,4%; p < 0,001) e uma menor taxa de revascularização (5,9% vs. 11,4%; p = 0,005) nos pacientes que receberam ZES.

A taxa de trombose definitiva ou provável foi menor no grupo ZES e os sangramentos foram similares.

Conclusão
Os stents eluidores de zotarolimus em pacientes com alto risco de sangramento e doença coronária estável ou instável proporcionam uma maior segurança e eficácia que os stents convencionais.

Comentário editorial
A indicação de somente um mês de dupla antiagregação foi segura neste estudo mas não pode ser generalizada a todos os stents farmacológicos até que surja mais evidência. O estudo Leaders Free com o stent eluidor de biolimus publicado em no NEJM em outubro passado também mostrou segurança e eficácia em pacientes com alto risco de sangramento e somente um mês de dupla antiagregação plaquetária.

Mais artigos deste autor

AHA 2024 | SUMMIT

Foi previamente demonstrado que o tratamento farmacológico para a obesidade (semaglutida) pode reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) com fração de...

AHA 2024 – BPROAD

A hipertensão arterial (HTA) é a comorbidade mais frequente em pacientes com diabetes e se associa a um maior risco cardiovascular, sendo também o...

Doença coronariana em estenose aórtica: dados de centros espanhóis em cirurgia combinada vs. TAVI + angioplastia

O implante valvar percutâneo (TAVI) demonstrou em múltiplos estudos randomizados uma eficácia comparável ou superior à da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). No entanto,...

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

TAVI e insuficiência aórtica: as válvulas são todas iguais?

A insuficiência aórtica (IAO) representa entre 0,5% e 2,2% das afecções valvares em pessoas de mais de mais de 65 anos.  De acordo com os...

Resultados do acompanhamento de 1 ano do registro TAVI com a utilização de válvulas balão-expansíveis de 5ª geração nos EUA

A utilização da estratégia de substituição de válvula aórtica transcateter (TAVR) se estendeu a pacientes com estenose aórtica (EAo) severa de baixo risco e...

Registro EuroSMR: Tratamento mitral borda a borda com seguimento de 5 anos

As miocardiopatias e o engrandecimento do átrio esquerdo podem levar à insuficiência mitral secundária (IMS). Dita condição se associa com uma deterioração da função...