Elevação de troponina T ultrassensível pós-angioplastia não oferece valor prognóstico

Elevação de troponina T ultrassensível pós-angioplastia

O valor prognóstico da elevação da troponina T ultrassensível (TnT) após uma angioplastia eletiva em pacientes com ou sem valores basais elevados não está claro.

 

O objetivo deste estudo foi medir o valor prognóstico dos níveis de troponina T ultrassensível pós-procedimento eletivo e se isso pode estar influenciado pelos valores basais de TnT.

 

O trabalho incluiu 5.626 pacientes que receberam angioplastia coronária e que tiveram valores basais e pós-procedimento de troponina T ultrassensíveis disponíveis. O desfecho primário foi a mortalidade em 3 anos (estimando o risco pelo incremento logarítmico do valor de troponina T ultrassensível).

 

Os pacientes foram divididos em 4 grupos:

  • valores basais e pós-procedimento de troponina T ultrassensível não elevados (TnT ≤ 0,014 μg/l; n = 742),
  • valores basais não elevados mas valores pós-procedimento elevados (pico pós-procedimento TnT > 0,014 μg/l; n = 2.721),
  • valores basais elevados (TnT >0.014 μg/l) mas sem aumento pós-procedimento (n = 516),
  • valores basais elevados com um aumento pós-procedimento ainda maior (n = 1.647).

 

Observaram-se um total 265 mortes, das quais 6 (2,3%) ocorreram em pacientes com troponina T ultrassensível basal e pós-procedimento normal, 54 (20,4%) ocorreram em pacientes com troponina T ultrassensível basal normal e pós-procedimento elevada, 50 (18,9%) em pacientes com troponina T ultrassensível basal elevada e sem elevação posterior maior, e 155 (58,5%) em pacientes com troponina T ultrassensível elevada basal e com uma elevação pós-procedimento ainda maior (p < 0,001).

 

Após o ajuste, os valores basais elevados (HR 1,22; IC 95% 1,09 a 1,38; p < 0,001) se associaram a mortalidade, mas não o aumento posterior da troponina T ultrassensível (HR 1,04; IC 95% 0,85 a 1,28; p = 0,679).

 

O pico de troponina T ultrassensível pós-procedimento não se associou a um aumento da mortalidade em pacientes com troponina T ultrassensível basal normal (HR 0,93; IC 95% 0,69 a 1,25; p = 0,653) ou troponina T ultrassensível basal elevada (HR 1,24; IC 95% 0,91 a 1,69; p = 0,165).

 

Conclusão

Em pacientes com doença coronariana que recebem angioplastia programada, um incremento da troponina T ultrassensível pós-dilatação não aporta informação prognóstica adicional ao do nível de troponina basal.

 

Comentário editorial

A definição de infarto periprocedimento utilizada nos estudos clínicos está pobremente associada a eventos, diferentemente do infarto espontâneo.

 

Estudos prévios (Comparison of the Prognosis of Spontaneous and Percutaneous Coronary Intervention–Related Myocardial Infarction, Sergio Leonardi. JACC Vol. 60, No. 22, 2012) já haviam mostrado a evolução benigna dos infartos periprocedimento e o presente trabalho soma evidência a favor deste ponto.

 

Título original: High-Sensitivity Troponin T and Mortality After Elective Percutaneous Coronary Intervention.

Referência: Gjin Ndrepepa et al. J Am Coll Cardiol. 2016;68(21):2259-2268.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...

Resultados precoces e tardios com stent bioabsorvível ABSORB

A angioplastia coronariana com stents eluidores de fármacos (DES) se associa a uma incidência anual de 2% a 3% de eventos relacionados com o...

É necessário realizar angioplastia em todos os pacientes depois do TAVI?

Gentileza: Dra. Silvina E. Gomez A prevalência da doença coronariana (CAD) em paciente que são submetidos a TAVI é alta, oscilando entre 40% e 70%...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

O TAVI apresenta maior mismatch protético em valvas bicúspides?

 A indicação de TAVI está se expandindo fortemente entre pacientes mais jovens e de baixo risco.  A presença de valva aórtica bicúspide (BAV) é observada...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...