Este trabalho tenta esclarecer a incidência e os preditores das imagens de engrossamento hipodenso das valvas (assumidas como trombose valvar) das próteses implantadas por cateterismo.
Este estudo avaliou 70 pacientes consecutivos que receberam implante percutâneo da valva aórtica com a prótese Edwards SAPIEN-XT e que tiveram seguimento de 6 meses e de um ano com tomografia multicorte, ecocardiograma e laboratório.
Do total da coorte, a tomografia mostrou engrossamentos hipodensos em 1 paciente (1,4%) no momento da alta, em 7 pacientes (10%) no seguimento de 6 meses e em 10 pacientes (14,3%) um ano após o procedimento.
O grau de imobilidade da valva esteve bem correlacionado com a área do engrossamento medido com tomografia (r = 0,68).
Ditos engrossamentos se associaram a sexo masculino (70% vs. 25%; p = 0,008) e a seios de Valsalva maiores (31,0 ± 2,0 mm vs. 28,6 ± 2,6 mm; p = 0,005).
Os engrossamentos foram encontrados em 3 dos 49 pacientes com valvas número 23 mm e em 7 de 21 pacientes com próteses de 26 mm (6,1% vs. 33,3%; p = 0,006).
O dímero D, como era de se esperar, encontrou-se significativamente aumentado no grupo de pacientes com este tipo de imagens na tomografia, tanto no seguimento de 6 meses (2,3 mg/ml vs. 1,1 mg/ml; p = 0,002) como no seguimento de um ano (2,7 mg/ml vs. 1,2 mg/ml; p = 0,006). Estas diferenças nos níveis de dímero D não existiam no momento da alta.
No momento da detecção das imagens, não foram tomadas providências ativas adicionais como, por exemplo, anticoagulação. Apesar do anteriormente dito, os eventos como morte por qualquer causa ou AVC foram similares entre os grupos.
Conclusão
Os engrossamentos hipodensos das valvas são relativamente frequentes e usualmente subclínicos. Os gradientes através da valva e os eventos não se modificaram significativamente apesar de não haverem sido tomadas providências ativas como a anticoagulação.
O sexo masculino, o tamanho da prótese, da porção sinusal e os níveis de dímero D se associaram com o fenômeno estudado.
Comentário editorial
O trabalho do grupo liderado por Nicolaj C. Hansson coincidiu com o presente estudo em pontos como a baixa frequência da expressão clínica e o fato de engrossamento hipodenso se associar a valvas de maior tamanho. No estudo do Dr. Nicolaj C. Hansson, o tratamento com warfarina foi efetivo em solucionar a trombose valvar em 85% dos pacientes, conforme o seguimento com ecocardiograma transesofágico e tomografia multicorte.
No entanto, ao somar evidência sobre as poucas consequências clínicas do fenômeno e assumindo que a maioria dos pacientes que recebem implante percutâneo da valva aórtica são idosos e com alto risco de sangramento, a decisão de anticoagulação deve ser tomada cuidadosamente.
Título original: Incidence, Predictors, and Mid-Term Outcomes of Possible Leaflet Thrombosis After TAVR.
Referência: Ryo Yanagisawa et al. JACC Cardiovasc Imaging. [Epub ahead of print].
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