Pré-condicionamento isquêmico em angioplastia carotídea: é seguro e eficaz?

Pré-condicionamento isquêmico em angioplastia carotídeaO pré-condicionamento isquêmico remoto pode evitar eventos isquêmicos recorrentes em pacientes com um evento cerebral agudo ou crônico. Para além disso, não está claro se o pré-condicionamento poderia evitar um evento no contexto de uma angioplastia carotídea em pacientes com lesão severa da carótida interna. 

 

Foram selecionados pacientes com lesão severa da carótida interna para randomização a pré-condicionamento, simulação de pré-condicionamento e um terceiro grupo a não intervenção (os dois últimos foram os grupos controle).

 

Os pacientes do braço pré-condicionamento foram submetidos ao procedimento duas vezes por dia durante as duas semanas prévias à angioplastia. O mesmo ocorreu com os pacientes nos quais o procedimento foi simulado.

 

Mediu-se em plasma os níveis de NSE e S-100B para avaliar a segurança do pré-condicionamento e, por outro lado, os níveis de proteína C reativa e de novas lesões isquêmicas na ressonância para avaliar a eficácia.

 

O desfecho primário foi a presença de novas lesões no estudo de difusão por ressonância magnética dentro das 48 horas da angioplastia e os eventos clínicos dentro dos 6 meses.

 

Em total, foram randomizados 189 pacientes (63 em cada braço). Tanto o procedimento de pré-condicionamento quanto a simulação do mesmo foram bem tolerados e concluídos com uma alta conformidade (98,41% e 95,25%, respectivamente). Tampouco foram observadas elevações significativas do NSE ou do S100B ou efeitos adversos relacionados.

 

A incidência de novas lesões na difusão da ressonância magnética foi significativamente mais baixa no grupo pré-condicionamento (15,87%) em comparação com o grupo simulado (36,51%; p < 0,01) ou com o grupo controle (41,27%; p < 0,01). Também foi significativamente menor o volume das lesões (p < 0,01).

 

Quanto aos eventos clínicos após a angioplastia, ocorreu um acidente isquêmico transitório no grupo pré-condicionamento, 2 AVC no grupo controle e 2 AVC e um acidente transitório no grupo simulado. Estes eventos não alcançaram significância estatística.

 

Conclusão

É seguro realizar o pré-condicionamento isquêmico remoto antes da angioplastia carotídea e, além disso, a realização do procedimento poderia diminuir o risco de eventos periprocedimento. No entanto, os mecanismos e efeitos de pré-condicionamento sobre os eventos clínicos necessitam mais investigação.

 

Título original: Safety and Efficacy of Remote Ischemic Preconditioning in Patients with Severe Carotid Artery Stenosis Prior to Carotid Artery Stenting: A Proof-of-Concept, Randomized Controlled Trial.

Referência: Wenbo Zhao et al. Circulation. 2017 Feb 7. [Epub ahead of print].


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Novo Sistema para a ATP carotídea, all in one

A angioplastia carotídea (CAS) é equivalente à endarterectomia carotídea (CEA) em termos de eventos adversos maiores (morte, IAM e AVC). No entanto, associa-se a...

Estudo PERFORMANCE II: segurança e eficácia do novo sistema de stent carotídeo NeuroGuard

O tratamento percutâneo da doença carotídea mediante o implante de stents (CAS) para a prevenção da doença vascular cerebral demonstrou ser uma alternativa efetiva...

Tendências no tratamento da isquemia crítica de membros inferiores

Aproximadamente 25% dos pacientes com isquemia crítica de membros inferiores (ICMI) enfrentam uma amputação dentro do primeiro ano após o diagnóstico (segundo estatísticas dos...

Tratamento endovascular da doença iliofemoral para melhorar a insuficiência cardíaca com FEJ preservada

A doença arterial periférica (EAP) é um fator de risco relevante no desenvolvimento de doenças de difícil tratamento, como a insuficiência cardíaca com fração...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Subestudo FLAVOUR trial: FFR ou IVUS na avaliação de pacientes diabéticos

Os pacientes com diabetes (DBT) costumam apresentar uma doença coronariana mais complexa em comparação com os não diabéticos, com maior prevalência de doença coronariana...

O TAVI apresenta maior mismatch protético em valvas bicúspides?

 A indicação de TAVI está se expandindo fortemente entre pacientes mais jovens e de baixo risco.  A presença de valva aórtica bicúspide (BAV) é observada...

ROLLER COASTR-EPIC22: comparação de técnicas de modificação de placa em lesões coronarianas severamente calcificadas

A presença de cálcio nas coronárias limita significativamente o sucesso das angioplastias coronarianas (PCI), sobretudo devido a uma expansão subótima do stent, o que...