SYNERGY vs. XIENCE em pacientes complexos do mundo real

Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro.

SYNERGY vs. XIENCE Os avanços tecnológicos nos stents eluidores de droga (DES) mostraram uma significativa melhora em termos de segurança e eficácia. Os DES são considerados o padrão ouro para o tratamento das intervenções coronarianas percutâneas.

 

Os DES com polímeros duradouros ou permanentes (PD) foram associados a reações inflamatórias locais e subsequente risco de trombose. Os DES com polímeros biodegradáveis (PB) foram desenvolvidos para mitigar esse efeito, proporcionando, por um lado, a alta eficácia do DES e, por outro, a segurança de um stent metálico.

 

O stent SYNERGY é um DES de everolimus com PB e plataforma de cromo-platina e struts finos. Embora no estudo Evolve II tenha sido demonstrada a segurança e eficácia do stent SYNERGY em lesões simples, sua utilidade em lesões complexas deveria ser considerada off label. Atualmente não existem dados disponíveis que afiancem a utilização do stent SYNERGY em tais contextos.

 

O objetivo deste estudo foi comparar o perfil de segurança e eficácia do stent SYNERGY com o stent DES de everolimus com PD (Xience).

 

Para isso, realizou-se um registro observacional que incluiu 2.001 pacientes consecutivos tratados com stent SYNERGY (n = 400) ou com o stent Xience (n = 1.601) em dois centros da Itália durante o ano 2013 e 2015. Foram utilizados escores de propensão para balancear a população e obter 2 coortes de pacientes com um perfil basal de risco similar.

 

O desfecho primário foi MACE (definido como morte por qualquer causa, IAM e necessidade de novas revascularizações) em um ano de seguimento.

 

As lesões ou os pacientes eram considerados complexos quando apresentavam pelo menos um dos seguintes critérios:

  • angioplastia primária,
  • lesões de tronco da coronária esquerda,
  • oclusões crônicas,
  • reestenose intrastent,
  • lesões em pontes aortocoronarianas,
  • doença de pelo menos dois vasos ou lesões longas (> 34 mm).

 

Entre os 391 pares de pacientes tratados, foram identificados 253 pares (63%) como lesões complexas. Em um ano de seguimento, o MACE não diferiu significativamente entre ambos os grupos (9,9 vs. 9,5% HR 1,04 IC 95% 1,04-0,72; p = 0,830). Tampouco foram evidenciadas diferenças significativas nas lesões simples entre ambos os grupos nem nos aspectos individuais do desfecho combinado. Nessa coorte de pacientes não foram relatados casos de trombose definida do stent.

 

O estudo conclui que, neste registro multicêntrico, o stent SYNERGY parece ser tão seguro e efetivo quanto os stent XIENCE, independentemente da complexidade do paciente ou da lesão.

 

Comentário editorial

Este registro do mundo real é o maior já realizado que envolve pacientes ou lesões complexas tratadas com o stent SYNERGY.

 

Apresenta como limitação a própria que impõe a natureza de um estudo observacional, embora ganhe fortaleza ao realizar a comparação com escores de propensão, permitindo gerar hipóteses em 3 níveis:

  • O stent SYNERGY é seguro e efetivo em lesões complexas.
  • Não se evidenciaram mudanças no comportamento do stent segundo a complexidade da lesão.
  • A taxa de trombose do stent neste registro de pacientes complexos é de 0%.

 

Os achados mencionados deverão ser corroborados em estudos de maior escala e com maior tempo de seguimento, já que podem ser encontradas diferenças com um seguimento mais prolongado.

 

Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro. Hospital Alemão, Buenos Aires, Argentina.

 

Título original: Clinical outcomes of bioresorbable vs durable polymer coated everolimus eluting stents in real Word complex patients.

Referência: Mennuni M et al. Eurointervention 2017;12:1977-1986.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...