Utilizar como guia o fluxo fracionado de reserva (FFR) para guiar a revascularização de todas as lesões funcionalmente significativas no contexto de uma síndrome coronariana aguda parece melhorar os resultados em comparação com somente tratar a artéria culpada segundo o estudo Compare-Acute trial.
Este trabalho realizado em 24 centros de Europa e da Ásia incluiu 885 pacientes que se encontravam estáveis após uma angioplastia primária bem-sucedida e randomizou-os 1:2 a tratamento de todas as lesões funcionalmente significativas (idealmente no procedimento índice) ou somente da artéria culpada. O FFR foi realizado em ambos os grupos, mas os resultados do mesmo foram mantidos cegos para operadores e pacientes no grupo controle.
O desfecho combinado (MACCE) ocorreu em 7,8% dos pacientes que receberam revascularização completa guiada por FFR comparado com 20,5% daqueles que receberam angioplastia somente da artéria culpada em um ano (HR 0,35; IC 95% 0,22-0,55).
A vantagem foi conduzida por uma redução na revascularização repetida (6,1% vs. 17,5%; HR 0,32; IC 95% 0,20-0,54) sem que tenham sido observadas diferenças em outros componentes do desfecho primário incluindo morte por qualquer causa, infarto não fatal ou eventos cerebrovasculares.
Aproximadamente a metade das lesões não culpadas pelo infarto foram significativas na angiografia embora tenham produzido um FFR acima de 0,8.
Na análise de subgrupos, os pacientes com a artéria culpada pelo infarto tratada e com FFR não significativo no resto das lesões mostraram resultados muito similares aos daqueles pacientes que requereram revascularização adicional por FFR positivo.
Com o afirmado anteriormente seria possível concluir que é seguro e eficiente diferir o tratamento de lesões com FFR negativo nesse contexto de pacientes.
Por outro lado, devemos considerar os custos adicionais da medição do FFR já que apenas algo em torno de 20% dos pacientes que receberam tratamento somente no vaso culpado requereram uma revascularização adicional. Alguns consideram que isso não é custo/efetivo no contexto de que a estratégia de FFR não reduziu nenhum ponto “duro” como morte ou infarto.
A informação definitiva provavelmente venha de estudos como o COMPLETE ou o FULL-REVASC, que incluíram 4.000 pacientes e contariam com suficiente poder estatístico para mostrar diferenças em pontos clínicos duros.
Títulos originais: Fractional flow reserve-guided multivessel angioplasty in myocardial infarction y Complete revascularization in ST-elevation myocardial infarction?
Referência: ambos os trabalhos apresentados no ACC 2017 e publicados simultaneamente em N Engl J Med.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.