Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A presença das oclusões totais crônicas (CTO) nas coronariografias varia entre 5% e 30%, dependendo das diferentes análises. Ditas oclusões têm sido relacionadas com uma maior taxa de mortalidade e com a necessidade de cirurgia de revascularização miocárdica.
A frequência das ATC a CTO é baixa nas diferentes séries (3,8%), embora possivelmente se encontrem em ascensão na atualidade, já que se dispõe de diferentes estratégias e dispositivos.
Foram analisados 111.273 pacientes da base de dados do Veterans Affairs entre 2007 e 2013. Desses pacientes, 29.339 (26,4%) apresentaram pelo menos uma CTO. Por sua vez, dentro deste grupo os indivíduos pertenciam a uma faixa etária mais elevada, apresentavam mais fatores de risco, mais comorbidades, IAM, ATC prévia e cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).
Foi realizada ATC em 2.394 pacientes (8,1%) dentre os que apresentaram CTO. O procedimento foi bem-sucedido em 1.908 casos (79,7%). Não houve diferenças entre os dois grupos. A coronária direita foi a artéria que exibiu mais CTO; o comprimento foi de 20 mm; a maioria dos pacientes recebeu DES e, além disso, em 38% deles, se implantou mais de dois stents. O sucesso do procedimento foi maior na descendente anterior.
Vale mencionar que a efetividade nas recanalizações foi aumentando com o passar dos anos.
Em dois anos de seguimento, o sucesso na recanalização de uma CTO se associou à diminuição da mortalidade (HR: 0,67; 95% CI 0,47 a 0,95; p < 0,02) e a uma menor necessidade de CRM (HR: 0,14; 95% CI 0,08 a 24; p < 0,01), sem haver diferença na taxa de re-hospitalização por IAM.
Conclusão
Aproximadamente 1 de cada 4 pacientes com doença obstrutiva coronariana na angiografia apresenta uma CTO. Entre os pacientes que recebem uma ATC eletiva em uma CTO, a taxa de sucesso é de 79,7%. Comparando-se com os que falharam na ATC da CTO, o sucesso na recanalização se associou a uma diminuição de morte e também à necessidade de CRM.
Comentário
Esta é a maior série do mundo real feita até a atualidade, o que põe em evidência o fato de haver aumentado não somente o número mas também a taxa de sucesso das angioplastias nas CTO. Contudo, a contribuição mais importante deste estudo é que o mesmo oferece dados de maior sobrevida e menor necessidade de CRM, apesar de alguns relatórios dizerem o contrário.
A possível explicação da maior sobrevida no seguimento é que a descendente anterior foi a artéria na qual se obteve maior sucesso, diminuindo de forma significativa a isquemia residual.
Além disso, devemos considerar que contamos com melhores dispositivos, stents eluidores de droga, maior experiência dos operadores e um melhor tratamento médico, variáveis que com certeza têm um papel fundamental na evolução de nossos pacientes.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título original: Contemporary Incidence, Management and Long-Term Outcomes of Percutaneous of Coronary Intervention for Chronic Artery Total Occlusions.
Referência: Insight from VA CART Program. Thomas T Tsai, et al. J Am Cardiol Intv 2017;10:866-75.
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