O TAVI demonstrou seus benefícios nos pacientes inoperáveis e nos de alto risco, assim como nos de risco intermediário. No entanto, embora tenham sido analisadas muitas comorbidades, a presença, severidade e impacto da doença coronariana ainda não está bem estudada.
No presente estudo foram analisados 1.270 pacientes que receberam TAVI. Ditos pacientes apresentavam lesões > 50% no vaso epicárdico maior e foram divididos em 3 grupos:
- Sem Doença Coronariana: 817 pacientes (64%);
- Com Doença Coronariana não severa (escore de SYNTAX < 22): 331 pacientes (26,5%);
- Com Doença Coronariana Severa (escore de SYNTAX > 22).
Além disso, analisou-se o Escore de SYNTAX residual (rSS), dividindo-os em revascularização incompleta razoável (rSS < 8) e revascularização incompleta (rSS > 8).
Leia também: “Quando é o momento ótimo para fazer uma angioplastia? Antes ou durante o TAVI?”.
Os que apresentaram Doença Coronariana Severa (DCS) tiveram maiores comorbidades e mais necessidade de medicação.
O seguimento foi de 1,9 ano (0,8-3,5) e a mortalidade foi de 312 indivíduos (24,5%). Na análise de Kaplan-Meier a mortalidade nos pacientes Sem Doença Coronariana (SDC) foi similar a dos que a apresentaram (21,9% vs. 29,1%). Nos grupos com doença coronariana, a mortalidade foi maior nos que tinham DC Severa (51,9% vs. 26,1%; p < 0,001). Aqueles com Revascularização Incompleta (RI) exibiram uma maior mortalidade em comparação com os que tinham uma Revascularização Completa Razoável (23,2% vs. 45,1%; p < 0,001).
Leia também: “TAVI de risco intermediário: realidade ou paixão?”.
Na análise multivariada a presença de DC e a RI se associaram a um incremento de mortalidade, o que não ocorreu com a RIR.
Conclusão
A doença coronariana se associou somente com um incremento de mortalidade pós-TAVI. A revascularização mais completa possível pré-TAVI atenuou a associação entre mortalidade e doença coronariana.
Comentário
Esta análise nos demonstra que efetivamente a doença coronariana severa (escore de SYNTAX > 22) com isquemia residual significativa (rSS > 8) modifica o prognóstico. Caso contrário, o prognóstico é similar.
É por isso que antes de realizar o TAVI devemos tentar efetuar uma revascularização o mais completa possível, sempre levando em conta que se trata de pacientes de alto risco com doenças coronarianas severas, oclusões totais e lesões muito calcificadas. Nesse sentido, é um grande desafio executar uma ATC e, por tal motivo, muitas vezes deveríamos pensar em resolver a situação com duas intervenções, tentando diminuir as complicações (especialmente as que dizem respeito ao deterioro da função renal).
Título original: The Prognostic Effects of Coronary Disease Severity and Completeness of Revascularization on Mortality in Patients Undergoing Transcatheter Aortic Valve Replacement.
Referência: Guy Witberg, et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017;10:1428-35.
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.