A coronariografia tem um papel central nos pacientes que são admitidos cursando uma síndrome coronariana aguda sem elevação do segmento ST (SCASEST) já que permite confirmar o diagnóstico, estratifica o risco e define a estratégia de revascularização e o manejo antitrombótico.
Ninguém duvida do fato de ser necessário estudar de maneira invasiva esses pacientes. O que não está claro é quando fazê-lo.
A cinecoronariografia dentro das 72 horas da admissão levou a uma redução da mortalidade, da recorrência isquêmica e da estadia hospitalar comparada com a estratégia de angiografia seletiva.
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Reduzir os tempos a apenas 24 horas continuou se associando a uma redução de eventos, ainda que somente naqueles pacientes de alto risco (escore de GRACE > 140). Continuar tentando reduzir os tempos talvez traga benefícios a esse grupo de pacientes.
Este trabalho avaliou os resultados de pacientes com SCASEST de alto risco que foram à sala de cateterismo muito precocemente (< 12 horas), precocemente (entre 12 e 24 horas) ou de forma tardia (mais de 24 horas).
Os pacientes foram incluídos no contexto do estudo TAO (Treatment of Acute coronary syndrome with Otamixaban) e randomizados a heparina mais eptifibatide vs. otamixaban. Por protocolo, todos deviam ser estudados de maneira invasiva dentro das 72 horas.
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O desfecho primário foi uma combinação de morte por qualquer causa e infarto dentro dos 180 dias da randomização.
4.071 pacientes receberam coronariografia. Desse total, 1.648 (40,5%) ingressaram antes das 12 horas, 1.420 (34,9%) entre as 12 e as 24 horas e 1.003 depois das 24 horas.
Tomando como referência aqueles pacientes que foram estudados depois das 24 horas, não se observou um benefício para os que receberam cateterismo entre as 12 e as 24 horas, mas sim para aqueles estudados muito precocemente (OR 0,71, IC 95% 0,55-0,91).
Não houve diferenças para as complicações hemorrágicas.
Conclusão
Os pacientes com SCASEST que são estudados com cinecoronariografia antes das 12 horas da admissão hospitalar apresentam um risco menor de morte ou infarto que aqueles estudados mais tardiamente (entre as 12 e as 24 horas ou para além das 24 horas).
Comentário editorial
Embora não tenha sido observada neste trabalho, seria esperável uma redução dos eventos hemorrágicos, além dos isquêmicos, com a estratégia invasiva muito precoce, já que tipicamente os anticoagulantes são suspendidos uma vez realizada a revascularização. Este trabalho não pôde provar a redução de eventos hemorrágicos e outros, assim como o TIMACS, o RIDDLE NSTEMI e o ACUITY também não puderam. Diferentes esquemas antiagregantes, anticoagulantes e proporção de acesso radial em cada estudo podem ter influído nos resultados.
Título original: Timing of Angiography and Outcomes in High-Risk Patients with Non-ST Segment Elevation Myocardial Infarction Managed Invasively: Insights from the TAO Trial.
Referência: Pierre Deharo et al. Circulation. 2017 Sep 11. Epub ahead of print.
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