O estudo DAPT concluiu que continuar com uma tienopiridina mais aspirina para além de um ano após uma angioplastia coronariana se associa a uma diminuição da taxa de trombose do stent e dos eventos cardiovasculares maiores. No entanto, dito procedimento tem como contrapartida um aumento significativo do sangramento moderado ou severo quando comparada a continuar somente com aspirina.
Com base nos resultados deste e de outros estudos feitos em 2016, os guias da AHA/ACC recomendaram pelo menos 6 meses de dupla antiagregação após uma angioplastia com stent farmacológico. Os guias também enfatizaram a importância de individualizar o tempo de acordo com o risco de trombose vs. o risco de sangramento.
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A complexidade do procedimento, o número de vasos tratados, o calibre, a extensão de artéria coberta por stent, etc. são conhecidos fatores de trombose, o que nos leva a cogitar que poderiam ser fatores a serem levados em consideração para decidir o tempo de dupla antiagregação.
Comparou-se a indicação de 30 meses vs. 12 meses de dupla antiagregação após uma angioplastia com base na presença ou não de lesões anatomicamente complexas.
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O critério para determinar se uma lesão era complexa foi: tronco protegido, mais de dois vasos tratados, mais de 30 mm de comprimento com stent, bifurcação com um vaso acessório ≥ 2,5 mm, ponte venosa ou lesão com conteúdo de trombo.
O estudo incluiu 25.416 pacientes, observando que aqueles que possuíam lesões complexas tinham uma taxa mais alta de infarto e trombose do stent durante os primeiros 12 meses após o procedimento (3,9% vs. 2,4%; p < 0,001).
Naqueles pacientes que não apresentaram eventos até os 12 meses, continuar com dupla antiagregação até os 30 meses ofereceu o mesmo benefício em termos de eventos isquêmicos e o mesmo risco em termos de sangramento, para além da complexidade anatômica.
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A maior redução de infarto e trombose do stent foi observada nos pacientes com anatomias complexas e com um escore DAPT ≥ 2, que continuou até os 30 meses (3,0% vs. 6,1%; p < 0,001), diferentemente dos que tinham um escore < 2, em cujo caso a diferença não foi significativa (1,7% vs. 2,3%; p = 0,42).
Conclusão
As lesões complexas se associam a um incremento dos eventos isquêmicos, em especial no primeiro ano após a angioplastia. Os que não apresentaram eventos no transcurso do primeiro ano e continuaram com dupla antiagregação até os 30 meses foram beneficiados com uma redução nos infartos e na trombose do stent, mas dito benefício foi independente da complexidade das lesões tratadas.
Comentário editorial
Estes achados sugerem que a complexidade anatômica pode ser útil para determinar um ano de dupla antiagregação e não um tempo menor. No entanto, em períodos superiores a um ano, o escore DAPT seleciona muito melhor os pacientes que se beneficiam que a complexidade anatômica.
Título original: Lesion Complexity and Outcomes of Extended Dual Antiplatelet Therapy After Percutaneous Coronary Intervention.
Referência: Robert W. Yeh et al. J Am Coll Cardiol 2017;70:2213–23.
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