A ocorrência de insuficiência renal depois de qualquer intervenção endovascular está associada a um aumento da morbidade e da mortalidade. Após uma intervenção coronariana – quer seja angioplastia ou cirurgia – a insuficiência renal multiplica por 20 a mortalidade.
Na mesma linha com toda a informação prévia, o reparo cirúrgico de um aneurisma de aorta abdominal que evolui com insuficiência renal também está associado a um aumento significativo de eventos.
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Depois do reparo endovascular com endoprótese, uma faixa muito ampla de insuficiência renal (3 a 19%) é reportada. Embora isso se deva, provavelmente, às diversas definições utilizadas nos trabalhos, ao analisar as últimas publicações que utilizaram as definições padronizadas dos guias KDIGO (Kidney Disease Improving Global Outcomes) uma taxa de aproximadamente 20% é reportada.
Foi analisada uma coorte de 212 pacientes consecutivos que receberam de forma programada o reparo endovascular de um aneurisma de aorta abdominal entre 2009 e 2016.
Um subgrupo de 149 pacientes com seguimento a 2 anos posteriores à endoprótese foi comparado com outro de 135 pacientes, similares quanto a seu perfil de risco e a suas características, mas que tinham aneurismas de menor tamanho, que ainda não precisavam de tratamento.
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O desfecho primário foi a injúria renal aguda e a progressão da insuficiência renal com o decorrer do tempo.
Trinta pacientes evoluíram com injúria renal aguda (15%), sendo os bloqueadores do receptor de angiotensina (OR 4,08) e as complicações periprocedimento (OR 3,12) fatores preditores independentes desta complicação. As estatinas, no entanto, foram protetoras (OR 0,19).
O antecedente do implante de endoprótese elevou em 23,5% a chance de deterioração crônica da função renal em comparação com o grupo controle.
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Na análise multivariada, o maior diâmetro do pescoço, a estenose das artérias renais e a injúria renal aguda foram preditores de continuidade da deterioração progressiva da função renal ao longo do tempo.
Conclusão
Este estudo identifica os inibidores do receptor de angiotensina e as complicações periprocedimento como os maiores preditores de injúria renal aguda. Além disso, parece estar claro que a função renal costuma se deteriorar paulatinamente depois do implante da endoprótese, sendo necessário dar continuidade às medidas de nefroproteção ao longo do tempo, particularmente nos pacientes de maior risco.
Título original: Determinants of Acute Kidney Injury and Renal Function Decline After Endovascular Abdominal Aortic Aneurysm Repair.
Referência: Statius van Eps RG et al. Eur J Vasc Endovasc Surg. 2017 Oct 27. Epub ahead of print.
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