O implante percutâneo da valva mitral está estabelecido como um tratamento padrão em pacientes com estenose aórtica severa e risco médio ou maior. Incialmente, a evidência se construiu com um ou dois dispositivos que funcionaram muito bem, tanto em termos de segurança quanto de eficácia, e depois proliferaram as novas válvulas, já que nenhuma empresa quis ficar fora do mercado.
Por outro lado, o implante percutâneo da valva mitral é uma terapia que ainda está engatinhando e que pode ser oferecida a pacientes com insuficiência mitral sintomática como uma opção menos invasiva quando o risco da cirurgia convencional é proibitivo. Os dispositivos também proliferam – como no caso da valva aórtica – mas a impressão é que há muitos porque em realidade nenhum é perfeito.
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Este trabalho incluiu 50 pacientes de maneira prospectiva que receberam a nova válvula autoexpansível de nitinol e pericárdio bovino com sistema de liberação transapical (Intrepid TMVR System, Medtronic, Inc., Redwood City, Califórnia) em 14 Hospitais dos Estados Unidos, da Austrália e da Europa. Todos os pacientes apresentavam insuficiência mitral severa sintomática em classe funcional III ou IV e tinham um risco cirúrgico alto ou externo.
O implante do dispositivo foi bem-sucedido em 48 pacientes com um tempo médio de liberação de 14 minutos. A mortalidade em 30 dias foi de 14% sem que se observassem AVC incapacitantes ou reintervenções.
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A média de seguimento foi de 173 dias (intervalo de 54 a 342 dias) e o último ecocardiograma em cada paciente confirmava uma insuficiência residual leve ou ausente, o que condiz com uma melhora muito significativa dos sintomas. Em 79% dos pacientes foi relatada uma classe funcional I ou II no seguimento (p < 0,0001 com relação ao basal).
Conclusão
O implante percutâneo da valva mitral com este novo dispositivo foi factível nesta população de risco alto ou extremo. Estes resultados assentam as bases para desenhar um estudo maior e em pacientes de menor risco.
Comentário editorial
O menor perfil desta válvula permitiu o implante em condições que estavam previamente contraindicadas (como um implante percutâneo da valva aórtica prévio), particularmente em mulheres e em ventrículos pequenos onde o risco de obstrução do trato de saída pode ser alto.
O sangramento apical se associou a 3 mortes, o que obviamente é uma preocupação que exige aperfeiçoamento da técnica e, eventualmente, a interrupção do procedimento caso se julgue que o mesmo não é seguro. Está em desenvolvimento um novo dispositivo por acesso transeptal que evita a necessidade da toracotomia mínima e suas complicações.
Título original: Early Experience With New Transcatheter Mitral Valve Replacement.
Referência: Vinayak Bapat et al. J Am Coll Cardiol 2018;71:12–21.
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