A revascularização endovascular se estabeleceu como a principal estratégia para os pacientes sintomáticos com doença arterial periférica em território femoropoplíteo. A angioplastia com balão convencional é efetiva no que se refere ao ganho de lúmen, mas apresenta uma taxa de reestenose de até 60% em 12 meses. O implante de stents convencionais reduziu a reestenose a quase a metade, mas associa-se a problemas como trombose, fratura do stent e dificuldade para tratar zonas de flexão.
Os balões farmacológicos surgiram como uma opção que poderia combinar o melhor das duas estratégias anteriores.
Leia também: Resultados de 2 anos de seguimento do balão farmacológico Lutonix sobre a femoral superficial.
Existe evidência a favor, mas a mesma não ultrapassa um ano de seguimento, motivo pelo qual o seguinte trabalho se ocupa dos resultados de 3 anos do balão eluidor de paclitaxel sobre a artéria femoral superficial e/ou poplítea proximal.
O IN.PACT SFA é um estudo randomizado e simples cego que incluiu 331 pacientes com doença sintomática (Rutherford 2-4) e lesões de até 18 cm de comprimento em território femoropoplíteo. Os pacientes foram randomizados 2:1 a balão farmacológico vs. angioplastia padrão.
Em 3 anos a perviedade primária continuou sendo melhor com balão farmacológico (69,5% vs. 45,1%; p < 0,001) e o mesmo ocorreu com a taxa de revascularização justificada pela clínica (15,2% vs. 31,1%; p = 0,002).
Leia também: Novas estratégias no território femoropoplíteo.
A capacidade funcional foi similar entre ambos os grupos, embora os pacientes submetidos a angioplastia padrão tenham precisado de muito mais intervenções para conseguir esse mesmo nível de sintomas (p < 0,001 para revascularização da lesão alvo e p = 0,001 para revascularização do vaso).
Não foram observadas mortes relacionados ao procedimento ou ao dispositivo.
Conclusão
Os resultados de 3 anos de seguimento demonstraram que o balão eluidor de paclitaxel tem uma eficácia superior no tempo se comparados à angioplastia convencional, graças a uma maior perviedade primária e a uma menor necessidade de reintervenções.
Comentário editorial
O protocolo permitia utilizar stent provisional em ambos os grupos caso se apresentasse, por exemplo, uma dissecção com comprometimento do fluxo. Isso ocorreu em 7,3% dos pacientes do grupo balão farmacológico e em 12,6% do grupo angioplastia padrão. A baixa necessidade de stent revela a relativamente baixa complexidade das lesões tratadas com uma média de 8,9 cm de comprimento para um protocolo que permitia tratar até 18 cm.
Dita média de comprimento parece baixa, mas em comparação com outros trabalhos que testaram outros dispositivos a complexidade das lesões é similar. A média de comprimento para o trabalho que testou o stent farmacológico foi só 6,64 cm e na maioria dos trabalhos que testaram stents convencionais a média se encontrou entre 7 e 9 cm.
Título original: Treatment Effect of Drug-Coated Balloons Is Durable to 3 Years in the Femoropopliteal Arteries. Long-Term Results of the IN.PACT SFA Randomized Trial.
Referência: Peter A. Schneider et al. Circ Cardiovasc Interv. 2018 Jan;11(1):e005891.
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