Qual é a melhor antiagregação na angioplastia primária em 12 meses?

Tanto o prasugrel quanto o ticagrelor mostraram ser superiores em términos de eficácia, reduzindo eventos cardiovasculares maiores com o custo de incremento dos sangramentos. Dito custo é aceitável e o benefício clínico respalda os novos antiagregantes.

¿Cuál es la mejor antiagregación en la angioplastia primaria a 12 meses?

O seguimento de um ano do estudo PRAGUE-18 fez foco na comparação da eficácia e da segurança entre o prasugrel e o ticagrelor e no risco de eventos isquêmicos relacionados com a troca de um dos dois antiagregante para clopidogrel, por razões estritamente econômicas.


Leia também: O custo clínico e o custo econômico concorrem na desescalada de antiagregantes.


O estudo incluiu 1.230 pacientes com infarto agudo do miocárdio tratados com angioplastia primária que foram randomizados a prasugrel ou ticagrelor com a intenção de completar um esquema de 12 meses de tratamento. O desfecho primário foi uma combinação de morte cardiovascular, infarto ou AVC em um ano. Devido ao fato de após a alta os pacientes terem que encarar o custo da medicação muitos decidiram mudar para clopidogrel apesar da recomendação do protocolo.

 

O desfecho primário ocorreu em 6,6% dos pacientes que receberam prasugrel e em 5,7% dos que receberam ticagrelor (HR 1,1, IC 95% 0,7 a 1,8; p = 0,5). Não foram observadas diferenças significativas em termos de morte cardiovascular (3,3% vs. 3,0%; p = 0,769), infarto agudo do miocárdio (3,0% vs. 2,5%; p = 0,611), morte por qualquer causa (4,7% vs. 4,2%; p = 0,654), trombose definitiva do stent (1,1% vs. 1,5%; p = 0,535), qualquer sangramento (10,9% vs. 11,1%; p = 0,999) e sangramento maior segundo critério TIMI (0,9% vs. 0,7%; p = 0,754).


Leia também: Prasugrel vs. ticagrelor em diabéticos com doença coronariana.


A porcentagem de pacientes que passaram a clopidogrel estritamente por razões econômicas foi de 34% para o prasugrel e de 44,4% para o ticagrelor (p = 0,003) e isso não se associou a um aumento dos eventos isquêmicos.

 

Conclusão

O prasugrel e o ticagrelor têm uma efetividade similar durante o primeiro ano após o infarto agudo do miocárdio com angioplastia primária. A mudança para clopidogrel após a alta por razões econômicas não se associou a um aumento dos eventos isquêmicos.

 

Comentário editorial

Os pacientes que argumentaram razões econômicas para abandonar a droga original do protocolo e passaram a tomar clopidogrel não tinham um poder aquisitivo menor do que os que continuaram com o esquema original, mas sim um risco isquêmico menor. Isso nos faz pensar na existência de um viés e, com certeza, a opinião de seus cardiologistas de cabeceira interferiu na decisão. A percepção de um risco isquêmico baixo por parte dos cardiologistas provavelmente tenha respaldado a troca de droga diante do questionamento dos pacientes. Ao contrário, um risco isquêmico alto pode ter motivado o conselho por parte dos cardiologistas de que seus pacientes fizessem o esforço de continuar pagando o preço muito mais elevado do prasugrel ou do ticagrelor.

 

Título original: One-year Outcomes of Prasugrel Versus Ticagrelor In Acute Myocardial Infarction Treated With Primary Angioplasty: The PRAGUE-18 Study.

Referência: Zuzana Motovska et al. J Am Coll Cardiol. 2018 Jan 30;71(4):371-381.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

AHA 2025 | DAPT-MVD: DAPT estendido vs. aspirina em monoterapia após PCI em doença multivaso

Em pacientes com doença coronariana multivaso que se mantêm estáveis 12 meses depois de uma intervenção coronariana percutânea (PCI) com stent eluidor de fármacos...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

AHA 2025 | OPTIMA-AF: 1 mês vs. 12 meses de terapia dual (DOAC + P2Y12) após PCI em fibrilação atrial

A coexistência de fibrilação atrial (FA) e doença coronariana é frequente na prática clínica. Os guias atuais recomendam, para ditos casos, 1 mês de...

AHA 2025 | Estudo OCEAN: anticoagulação vs. antiagregação após ablação bem-sucedida de fibrilação atrial

Após uma ablação bem-sucedida de fibrilação atrial (FA), a necessidade de manter a anticoagulação (ACO) a longo prazo continua sendo incerta, especialmente considerando que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...