Desde a última versão dos Guias Europeus para o diagnóstico e tratamento da doença vascular periférica de 2011 foram publicados muitos trabalhos e registros que justificam um ajuste em vários pontos. A grande novidade foi o “trabalho em equipe”, já que pela primeira vez os guias foram feitos em colaboração com a Sociedade Europeia de Cirurgia Vascular. Isso deu como fruto um documento com recomendações balanceadas entre os melhores Clínicos, Cirurgiões e Intervencionistas.
As novidades se deram em vários tópicos:
- Itens genéricos: o documento enfatiza a necessidade do trabalho multidisciplinar com um “vascular team”.
- Prevenção: os novos guias puseram a estatinas como pedra angular da prevenção primária e secundária. O documento também tem um capítulo específico para os antitrombóticos em diferentes cenários clínicos. A antiagregação com uma só droga, preferentemente o clopidogrel, está proposta para a maioria dos casos de doença sintomática nos membros inferiores. Para a doença assintomática dos membros inferiores, a aspirina não está indicada devido à falta de evidência.
- Doença carotídea: desde 2011 a maioria dos trabalhos e registros confirmaram a cirurgia como a primeira opção quando a revascularização está indicada. A angioplastia é somente uma alternativa. A indicação de revascularização para a doença carotídea assintomática é muito mais restritiva que nos guias anteriores e o documento oferece certos critérios de alto risco onde a revascularização estaria indicada.
- Doença dos membros superiores: o documento dá pautas do benefício potencial da revascularização em alguns casos específicos assintomáticos como a necessidade de condutos para a cirurgia de revascularização miocárdica, necessidade de fístula arteriovenosa ou estenose arterial subclávia bilateral.
- Doença mesentérica: O dímero D pode ser útil quando houver suspeita de isquemia mesentérica aguda. Em pacientes nos quais se suspeita de isquemia mesentérica crônica, a doença oclusiva de uma só artéria faz com que o diagnóstico seja muito pouco provável. Quando a doença compromete várias artérias a revascularização não deve ser postergada para evitar a desnutrição.
- Doença renal: a revascularização de rotina já não está recomendada em estenose renal secundária à aterosclerose.
- Doença dos membros inferiores: o documento faz ênfase nos padrões clínicos específicos como a doença considerada “assintomática” mas que na verdade está encoberta por outros sintomas como a dispneia ou a angina. Também se dá muita importância ao exercício supervisado como uma eventual única terapêutica e, caso seja necessária, a revascularização. A classificação do consenso Transatlântico (TASC) para decidir a estratégia de revascularização ficou definitivamente em desuso.
O termo isquemia crítica de membros inferiores irá sendo substituído por “isquemia crônica que coloca em risco um membro inferior” e pela recente classificação WIfI (Wound, Ischaemia, and foot Infection classification).
Título original: The 2017 ESC Guidelines on PADs: what’s new?
Referência: Aboyans V et al. Eur Heart J. 2018 Mar 1;39(9):720-729.
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