Deterioro da função renal: como impacta na angiografia e na cirurgia?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

A doença renal se encontra em ascensão e em um estágio final se relaciona com doença coronariana e aumento da mortalidade. Mas, além disso, sabemos que em muitas ocasiões, associa-se com diabetes.

Deterioro de la función renal: ¿Cómo impacta en la ATC y en la CRM?Atualmente, existe pouca evidência que compare a evolução da angioplastia de tronco da coronária e a cirurgia de revascularização miocárdica em pacientes com deterioro da função renal.

 

Este trabalho é um subestudo do SYNTAX no qual se analisou a função renal medida por eGFR. Considerou-se estágio 1 todo eGFR ≥ 90 mL/min por 1,73 m(Função renal normal [FRN]); estágio 2 a alteração da função renal (AFR) entre 60 a 89 mL/min por 1,73 m2; estágio 3 a 5 foi considerado doença renal crônica (DRC), sendo o 3 um eGFR entre 30 e 59 mL/min por 1,73 m2, o 4 15-29 mL/min por 1,73 m2 e o 5 diálise crônica.


Leia também: EuroPCR 2018 | RADIANCE-HTN SOLO: denervação renal guiada por ultrassom intravascular.


Dentre os 1.638 pacientes randomizados, apresentavam função renal conservada 25,7% dos que receberam ATC e 26,6% dos que receberam CRM. Por outro lado, exibiram alteração da função renal (estágio 2) 55,8% dos que receberam angioplastia vs. 54,2% dos que foram submetidos a cirurgia. Finalmente, apresentaram doença renal crônica em estágio 4 8,2% vs. 7,3% e estágio 5 1,9% vs. 2%.

 

Os pacientes com DRC apresentaram um EuroSCORE mais alto em comparação com os que tinham AFR e FRN conservada bem como um escore de SYNTAX mais alto (32,2 ± 12,1 vs. 28,2 ± 11,7; p = 0,008).

 

A cirurgia sem bomba foi mais frequente nos que apresentavam DRC (22,1% vs. 13,1% vs. 15,8%, respectivamente; p = 0,035) e o uso de múltiplas pontes arteriais foi menor neste grupo. Não houve diferenças no número de anastomoses e na revascularização incompleta.


Leia também: EuroPCR 2018 | SPYRAL HTN-ON MED: O ressurgimento da denervação renal.


Os pacientes que receberam ATC não exibiram diferenças no número de stents. No entanto, a revascularização completa foi menor naqueles com DRC (46,2% vs. 60,5% vs. 56,5%, respectivamente; p = 0,007).

 

A aspirina foi indicada em menor medida naqueles pacientes com DRC e não houve diferenças quando à indicação de betabloqueadores e estatinas.

 

A incidência de MACCE em 30 dias foi similar. Não houve diferenças com relação à função renal.


Leia também: Injuria renal associada ao contraste, um problema histórico sem soluções mágicas.


Em 5 anos, o MACCE foi menor nos pacientes que apresentavam DRC na população global, sendo mais alta nos pacientes que receberam ATC em comparação com os que receberam CRM (42,1% vs. 31,5%; p = 0,019). A necessidade de novas revascularizações foi menor nos pacientes que apresentavam FRN.

 

Dentre os pacientes diabéticos com DRC, aqueles que foram submetidos a CRM apresentaram uma maior evolução que os que receberam ATC na combinação de morte, AVC e infarto, bem como em mortalidade por qualquer causa.  

 

Conclusão

No seguimento de 5 anos a taxa de eventos é comparável entre a ATC e a CRM em pacientes com AFR, mas é maior nos pacientes com DRC em comparação com os que apresentam FRN. O impacto negativo da DRC a longo prazo na ATC é maior quando comparado com a CRM, especialmente nos pacientes com diabetes e doença coronariana extensa.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: The impact of chronic kidney disease on outcomes following percutaneous coronary intervention versus coronary artery bypass grafting in patients with complex coronary artery disease: five-year follow-up of the SYNTAX trial.

Referência: Milan Milojevic, et al. EuroIntervention 2018;14:102-111


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