Devemos levar em consideração o gênero para revascularizar o tronco?

O estudo EXCEL não constatou que o sexo dos pacientes com doença de tronco da coronária esquerda fosse um preditor independente de eventos adversos após a revascularização. No entanto, as mulheres que receberam angioplastia mostraram uma tendência a piores resultados, um achado que poderia se relacionar com as comorbidades e com uma maior chance de complicações periprocedimento.

¿Se debe tener en cuenta el género para revascularizar el tronco?Na formalidade de sua conclusão, este trabalho vai nos dizer que são necessários mais estudos para determinar a melhor estratégia de revascularização nas mulheres com doença coronariana complexa. Porém, é pouco provável que vejamos tais estudos a curto e médio prazo, motivo pelo qual na prática clínica diária podemos tomar a decisão sem importar o sexo.

 

O anteriormente dito vem demonstrar o que tinha nos ensinado o SYNTAX (Synergy Between Percutaneous Coronary Intervention With Taxus and Cardiac Surgery), onde as mulheres mostraram claramente maior mortalidade com angioplastia que com cirurgia.


Leia também: Diferencias nos detritos capturados de acordo com o tipo de válvula.


O mais moderno estudo EXCEL (Evaluation of XIENCE Versus Coronary Artery Bypass Surgery for Effectiveness of Left Main Revascularization) randomizou pacientes com doença de tronco a angioplastia com stent eluidor de everolimus Xience vs. cirurgia de revascularização miocárdica e seguiu-os por 3 anos com um desfecho final combinado de morte, infarto ou AVC.

 

Dos 1.905 pacientes incluídos, 1.464 eram homens (76,9%) e 441 eram mulheres (23,1%).

 

As mulheres incluídas eram mais idosas e tinham mais fatores de risco (incluindo diabete), embora tivessem lesões coronarianas menos complexas (escore de Syntax médio de 24,2 vs. 27,2: p < 0,0001).


Leia também: Na IM severa de alto risco o MitraClip tem uma mortalidade similar à cirurgia no seguimento de 5 anos.


Na análise multivariada, o sexo não foi um preditor independente do desfecho primário (HR: 1,10; IC 95%: 0,82 a 1,48; p = 0,53) ou de morte (HR: 1,39; IC 95%: 0,92 a 2,10; p = 0,.12) em 3 anos.

 

Se observarmos o corte de 30 dias, a combinação de morte, infarto ou AVC ocorreu em 8,9% das mulheres que receberam angioplastia, em 6,2% das mulheres que foram submetidas a cirurgia, em 3,6% dos homens que receberam angioplastia e em 8,4% dos homens que foram submetidos a cirurgia (p para as interações = 0,003).

 

Em 3 anos as diferenças mencionadas se diluíram e as interações já não foram significativas (p = 0,06) tanto entre homens e mulheres quanto entre o tipo de estratégia de revascularização ao qual foram submetidos. As diferenças numéricas observadas foram conduzidas por uma maior taxa de infarto periprocedimento nas mulheres que receberam angioplastia e pelo mesmo evento nos homens que receberam cirurgia.

 

Título original: Outcomes After Coronary Stenting or Bypass Surgery for Men and Women With Unprotected Left Main Disease. The EXCEL Trial.

Referência: Patrick W. Serruys et al. (J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:1234–43).


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Acesso radial esquerdo ou direito? Comparação da exposição à radiação em procedimentos coronarianos

A exposição à radiação durante os procedimentos percutâneos constitui um problema tanto para os pacientes como para os operadores. O acesso radial é atualmente...

Tratamento antiplaquetário dual em pacientes diabéticos com IAM: estratégia de desescalada

A diabetes mellitus (DM) é uma comorbidade frequente em pacientes hospitalizados por síndrome coronariana aguda (SCA), cuja prevalência aumentou na última década e se...

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Acesso radial esquerdo ou direito? Comparação da exposição à radiação em procedimentos coronarianos

A exposição à radiação durante os procedimentos percutâneos constitui um problema tanto para os pacientes como para os operadores. O acesso radial é atualmente...

Impacto da pós-dilatação com balão na durabilidade a longo prazo das biopróteses após o TAVI

A pós-dilatação com balão (BPD) durante o implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) permite otimizar a expansão da prótese e reduzir a insuficiência aórtica...

TAVI em insuficiência aórtica nativa pura: são realmente superiores os dispositivos dedicados?

Esta metanálise sistemática avaliou a eficácia e a segurança do implante percutâneo da valva aórtica em pacientes com insuficiência aórtica nativa pura. O desenvolvimento...