A estratégia invasiva em pacientes frágeis é segura

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Atualmente a população de pacientes idosos e frágeis se encontra em aumento e embora os guias recomendem realizar tratamento invasivo precoce nas síndromes coronarianas sem aumento do segmento ST (NSTEACS), esse grupo tem sido excluído da grande maioria dos estudos.

La estrategia invasiva en pacientes frágiles es seguraA informação atual sobre sua eficácia é controversa, mas concorda com o fato de se tratar de um grupo de maior risco e com maior taxa de complicações, estadia hospitalar e aumento de custos.

 

Analisou-se o Registro prospectivo LONGEVO-SCA realizado na Espanha e que incluiu 44 centros.

 

Foram considerados os pacientes que tinham ≥ 80 anos e que apresentavam NSTEACS. Sobre esta população, foram feitos os testes de fragilidade, deficiência, estado cognitivo, estado de nutrição e comorbidades. Foram excluídos aqueles sujeitos que não puderam completar os testes ou que se recusaram a participar.


Leia também: A estratégia invasiva precoce beneficia os pacientes de alto risco.


O desfecho primário em 6 meses foi a combinação de morte cardíaca, reinfarto ou revascularização coronariana não planificada.

 

Foram incluídos 531 pacientes. Dentre eles, 407 receberam estratégia invasiva (76,6%). A idade média foi de 84,3 anos. Não apareceram diferenças em fatores de risco como diabetes, hipertensão, índice de massa corporal, doença vascular periférica, elevação de troponina, fragilidade e um alto escore de GRACE.

 

Os pacientes mais jovens foram os que receberam estratégia invasiva. A maioria eram homens, com menos comorbidades, uma frequência cardíaca mais baixa e um escore de GRACE menor. Ademais, tudo isso veio acompanhado de um melhor estado nutricional, testes cognitivos melhores e um menor grau de fragilidade.


Leia também: Devemos levar em consideração o gênero para revascularizar o tronco?


Em termos hospitalares não houve diferença, com exceção de um índice de fibrilação atrial superior nos pacientes que receberam estratégia conservadora e uma maior necessidade de diuréticos após a alta.

 

O desfecho primário em 6 meses foi maior na estratégia conservadora (26,6% vs. 11,5%, subhazard ratio [sHR] 2,66, 95% confidence interval [CI]: 1,71-4,13; p < 0,001) e isso se manteve após a correção dos fatores que poderiam causar confusão.

 

O desfecho primário se associou a maior idade, diabete, infarto prévio, insuficiência cardíaca prévia, hemoglobina, clearence de creatinina, baixa fração de ejeção e sangramento prévio.

O sucesso da estratégia invasiva esteve inversamente relacionado ao grau de fragilidade.

 

Conclusão

A estratégia invasiva se associou de forma independente a uma melhor evolução nos pacientes idosos com NSTEACS. Dita associação foi diferente de acordo com o estado de fragilidade.

 

Comentário

Já faz muitos anos que a estratégia invasiva vem demonstrando ser de grande benefício na NSTEACS, mas atualmente nos enfrentamos a um novo desafio que são os pacientes idosos e frágeis.

 

Este é um dos poucos registros que, com as limitações do caso, nos demonstra que é factível e seguro utilizar a estratégia invasiva. No entanto, as limitações estão dadas, por um lado, pelo grau de fragilidade, estado cognitivo e nutricional e, por outro, pela experiência dos operadores e do hospital no tratamento da complexa população que aqui nos ocupa.

 

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

 

Título original: Invasive strategy and frailty in very elderly patients with acute coronary syndromes.

Referência: Isaac Llaó, el tal. EuroIntervention 2018;14:e336-e342.


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