Realizar uma intervenção que vá além da artéria culpada durante a angioplastia se associou a menor mortalidade, embora este seja um estudo de coorte que deve ser confirmado com estudos randomizados.
Os pacientes que apresentam um infarto sem elevação do segmento ST e doença de múltiplos vasos parecem se beneficiar da revascularização completa no momento da angioplastia inicial de acordo com este novo estudo observacional.
Segundo este estudo disponibilizado on-line antes de ter sido publicado no Journal of the American College of Cardiology, tratar todas as lesões significativas em um único procedimento se associou a uma maior mortalidade intra-hospitalar, mas a uma menor mortalidade por qualquer causa em 5 anos de seguimento. Esta diferença significativa se manteve após o ajuste por múltiplas variáveis e a utilização do propensity score.
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Dada a natureza observacional do estudo devem ser considerados seus resultados como geradores de hipóteses, sendo necessário um estudo prospectivo e randomizado que confirme estes resultados.
Os autores não se surpreenderam com a maior mortalidade intra-hospitalar associada à revascularização completa devido ao fato de não ter se tratado de um estudo randomizado e de ter havido diferenças basais significativas entre os grupos. Aqueles que receberam angioplastia em múltiplos vasos eram mais idosos, com mais lesões coronarianas e com mais comorbidades.
Trabalhos recentes estabeleceram o benefício da revascularização completa nos pacientes com múltiplos vasos e supradesnivelamento do segmento ST. No entanto, para as síndromes sem supradesnivelamento a evidência não é tão clara (o que chama a atenção), já que é maior o número de pacientes que se apresentam sem supradesnivelamento do segmento ST e frequentemente apresentam uma maior complexidade anatômica com doença de múltiplos vasos.
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Este trabalho lança algo de luz antes de chegarem os estudos randomizados. Por isso, foram analisados 21.857 pacientes que foram admitidos cursando um infarto sem supradesnivelamento do segmento ST e que receberam angioplastia entre 2005 e 2015 em 8 centros de Londres.
Algo mais da metade dos pacientes (53,7%) receberam revascularização completa no mesmo procedimento e no resto somente foi tratada a artéria culpada.
No hospital aqueles que receberam revascularização completa tiveram maior mortalidade (2,3% vs. 1,5%; p = 0,002).
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Após uma média de seguimento de 4,6 anos, a mortalidade foi menor no grupo revascularização completa (22,5% vs. 25,9%; p = 0,0005). O maior risco inicial parece se resolver ao redor dos 6 meses após a internação índice.
Título original: Complete versus culprit-only lesion intervention in patients with acute coronary syndromes.
Referência: Rathod KS et al. J Am Coll Cardiol. 2018;72:1989-1999.
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