Este trabalho encontrou uma melhor sobrevida a favor do tratamento por via oral (VO), que poderia ser atribuída à menor estadia hospitalar e ao fato de evitar todas as complicações relacionadas com a mesma.
A estratégia de passar a tratamento VO após um curto esquema endovenoso (EV) proporciona segurança e eficácia a longo prazo. Estes dados surgem da análise exploratória do estudo POET.
Isso poderia enviar muitos pacientes à casa mais cedo e, melhor ainda, com uma vantagem em sobrevida, evitando todas as complicações intra-hospitalares.
O autor principal do trabalho que foi apresentado nas sessões do American College of Cardiology (ACC) e simultaneamente publicado no NEJM sugeriu que se poderia utilizar a via oral durante aproximadamente a metade do tempo recomendado de antibióticos, reduzindo assim o tempo de internação também à metade.
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A terapia oral e a alta precoce pode ser uma estratégia adequada em até 50% dos pacientes.
O estudo POET randomizou pacientes com endocardite do lado esquerdo que foram hospitalizados em centros da Dinamarca a tinham estado recebendo tratamento EV. Estes pacientes foram randomizados no 10º dia a continuar com a terapia EV (n = 199) ou passar a VO (n = 201) e receberem alta e seguimento como pacientes ambulatoriais.
A metade das endocardites eram de valva aórtica, um terço de valva mitral e em 10 % dos casos ambas as valvas estavam afetadas.
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Os patógenos mais frequentes foram os estreptococos, seguidos dos estafilococos aureus, enterococos e finalmente dos estafilococos coagulase-negativa.
Em um quarto dos pacientes com doença na valva aórtica, a endocardite era sobre uma válvula protética.
Em 6 meses a mortalidade por qualquer causa, cirurgia não planejada, signos clínicos de embolia ou bactéria pelo patógeno identificado originalmente ocorreu em 12,1% dos pacientes tratados de forma EV e em 9% dos tratados por VO (OR 0,72; 95% CI 0,37-1,36).
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Após 3,5 anos de seguimento a segurança e a eficácia da estratégia oral se manteve.
O desfecho primário ocorreu em 38,2% dos pacientes que receberam tratamento EV e em 26,4 dos que receberam tratamento por VO (HR 0,64; 95% CI 0,45-0,91).
Não se observaram diferenças nos componentes do desfecho primário, excetuando-se a sobrevida a longo prazo que foi superior com a VO (16,4% vs. 27,1%; p = 0,009).
Título original: Long-term outcomes of partial oral treatment of endocarditis.
Referência: Bundgaard H et al. N Engl J Med. 2019;Epub ahead of print.
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