Medicação antianginosa antes e depois de uma recanalização

O incremento ou a redução da medicação antianginosa foi menos comum que a manutenção de todo o tratamento sem mudanças após uma recanalização de uma oclusão total crônica com pequenas variações. É necessário realizar mais estudos para saber que pacientes se beneficiariam ou não com estas drogas bem como desenvolver estratégias para ajustar o tratamento no seguimento.

Basicamente o que este trabalho nos diz é que se a recanalização foi bem-sucedida a maioria dos pacientes continuaram com a mesma medicação quando talvez pudesse ter sido tentada uma estratégia de diminuição das doses ou inclusive de suspensão da medicação. Ao contrário, nos casos em que a recanalização falhou, poucos esforços foram feitos para ajustar o tratamento e diminuir os sintomas dos pacientes quando já não havia mais nada para oferecer-lhes.

Estudos prévios já tinham mostrado que os médicos de família dos pacientes quase nunca ajustavam as drogas antianginosas após a tentativa de recanalização de uma oclusão total crônica, sem importar o fato de a mesma ter sido bem-sucedida ou não.

Utilizando a informação dos 12 centros que participaram do registro OPEN CTO (Outcomes, Patient Health Status, and Efficiency iN Chronic Total Occlusion Hybrid Procedures) analisou-se a indicação da medicação antianginosa em termos basais e após 6 meses de realizado o procedimento.


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Incrementar o tratamento foi definido como acrescentar uma droga nova ou aumentar a dose de uma que já estava sendo administrada ao passo que reduzir foi a suspensão de alguma das drogas ou a diminuição da dose.

O sintoma foi avaliado após 6 meses de realizado o procedimento com a utilização do questionário de angina de Seattle. Por meio de um modelo multivariado foram avaliados os potenciais fatores associados com o incremento (vs. nenhuma mudança) e com a redução (vs. nenhuma mudança).

Foi necessário recorrer ao incremento da medicação antianginosa em 17,5% dos pacientes e à redução em 39%, embora na maioria dos casos não tenha sido modificada a medicação após 6 meses (43,5%).

As características dos pacientes que se associaram com o incremento foram a doença pulmonar, o fato de o mesmo continuar sintomático e os eventos maiores periprocedimento.


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Aqueles pacientes nos quais se recorreu à redução e que estavam basalmente medicados, aqueles nos quais a recanalização foi bem-sucedida e aqueles nos quais após a recanalização bem-sucedida foram tratados outros vasos com lesões significativas mas pérvias.

Embora os fatores antes mencionados tanto para incrementar quanto para diminuir a medicação pareçam lógicos, quase a metade continuou com o mesmo tratamento.

Conclusão

O aumento das doses ou da quantidade de drogas ou, ao contrário, sua suspensão ou redução de doses foi relativamente pouco frequente após uma recanalização total crônica. São necessários mais estudos para saber que pacientes vão ser mais beneficiados com o aumento ou a diminuição, embora, antes que nada, seja necessário desenvolver estratégias de seguimento pós-procedimento.

Título original: Patient Characteristics Associated With Antianginal Medication Escalation and De-Escalation Following Chronic Total Occlusion Percutaneous Coronary Intervention Insights From the OPEN CTO Registry.

Referência: Taishi Hirai et al. Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes. 2019;12. Article in press.


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