Foram apresentadas em Paris durante as sessões científicas do ESC 2019 as novas diretrizes para diagnóstico e tratamento do que se definiu como síndromes coronarianas crônicas. Este documento, simultaneamente publicado no Euro Heart J., atualiza as diretrizes de 2013 no que se refere à cardiopatia isquêmica estável e tira a palavra “estável” do vocabulário para enfatizar que esta doença não pode ser assim considerada.
A cardiopatia isquêmica pode ter longos períodos de estabilidade, mas pode se tornar instável em qualquer momento. Isso ocorre, tipicamente, pela ruptura ou erosão de uma placa.
A mudança na terminologia se realizou em parte para lembrar-nos que esta doença exige enfoques diferentes, de acordo com o momento. Há fases mais estáveis, fases menos estáveis, mas na maioria dos casos a doença progride. O crucial é intervir sobre a mesma para evitar este avanço e, em última instância, prevenir eventos.
As diretrizes descrevem os cenários mais frequentes: pacientes com angina e suspeita de doença coronariana, pacientes assintomáticos ou com sintomas estabilizados um ano depois do diagnóstico ou da revascularização, pacientes com angina e suspeita de vasoespasmo ou doença microvascular, pacientes assintomáticos nos quais a doença coronariana é detectada no contexto de um check-up de prevenção e pacientes com insuficiência cardíaca ou disfunção ventricular no contexto de doença coronariana.
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Um dos pontos fundamentais das novas diretrizes é reconhecer que a probabilidade pré-teste de que um paciente que se apresenta com dor precordial realmente tenha doença coronariana é muito mais baixo que em 2013.
Recomendam-se estudos invasivos naqueles pacientes com alta probabilidade de doença coronariana e estudos funcionais naqueles com moderada probabilidade. Para a crescente proporção de pacientes nos quais a doença coronariana é pouco provável recomenda-se a tomografia.
Outra nova recomendação de 2019 foi a de agregar um segundo antitrombótico à aspirina, em particular para prevenção primária dos pacientes com alto risco isquêmico e baixo risco de sangramento.
Naqueles pacientes com doença coronariana e fibrilação atrial ou outra indicação de anticoagulação recomenda-se anticoagulantes orais diretos em vez dos anticoagulantes da vitamina K.
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No que se refere à anticoagulação, acumulou-se muita evidência nos últimos anos sobre a utilidade da avaliação funcional invasiva (FFR ou iFR), onde a angioplastia pode não somente aliviar sintomas mas também reduzir o risco de infarto agudo do miocárdio.
Por último, e para não perder a ênfase de todos os outros documentos publicados recentemente, faz-se uma especial recomendação sobre a importância de mudar o estilo de vida, a exposição à poluição e outras medidas de prevenção que foram mencionadas en passant na versão de 2013.
Guias-sindromes-coronarios-cronicos-articulo-originalTítulo original: 2019 ESC Guidelines for the diagnosis and management of chronic coronary syndromes: The task force for the diagnosis and management of chronic coronary syndromes of the European Society of Cardiology.
Referência: Knuuti J et al. Euro Heart J. 2019; Epub ahead of print.
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