Este grande registro australiano com seguimento de 5 anos e quase 250.000 pacientes apresentado no ESC de Paris e simultaneamente publicado no J Am Coll Cardiol sugere que a mortalidade da estenose aórtica severa é similar à da estenose aórtica moderada. Este dado nos alerta sobre o perigo que implica a estenose moderada e mostra-nos que a mesma não é tão benigna como acreditávamos.
O registro mostrou uma mortalidade de 67% em 5 anos nos pacientes com estenose aórtica severa (tanto com gradientes altos como baixos) e de 56% para os que tinham estenose aórtica moderada. Esta totalidade é muito maior do que a que mostravam os estudos observacionais precedentes.
Estes resultados teriam que nos fazer repensar a forma de manejar os pacientes com um gradiente médio de 20 mmHg e uma velocidade pico de 3 m/seg. No entanto, o mais provável é que haja subgrupos entre os indivíduos com estenose aórtica moderada que progridem mais rapidamente que outros. Estes dados ainda não estão claros e devemos ser prudentes antes de mudar nossa prática clínica.
Para o registro considerou-se ausência de estenose aórtica um gradiente < 10 mmHg e uma velocidade pico < 2 m/seg., estenose aórtica leve um gradiente entre 10-19,9 mmHg de gradiente e uma velocidade pico de 2-2,9 m/seg., estenose aórtica moderada um gradiente entre 20-39,9 mmHg e velocidade pico de 3;3,9 m/seg. e uma área > 1cm² e estenose aórtica severa de alto gradiente um valor > 40 mmHg de gradiente ou uma velocidade >4 m/seg. com uma área ≤ 1 cm² ou de baixo gradiente uma área ≤ 1 cm².
Na análise observou-se que à medida que aumenta a velocidade pico, aumenta o gradiente e diminui a área valvar há um incremento da mortalidade. No entanto, não há diferenças significativas entre os pontos de corte para estenose aórtica moderada e estenose aórtica severa.
Muitos dos pacientes que apresentam estenose aórtica moderada falecem por outras comorbidades, motivo pelo qual não necessariamente necessitam receber um tratamento agressivo para a doença valvar. A outra explicação para a falta de diferença em termos de mortalidade poderia ser o fato de no início alguns casos do registro terem sido qualificados como estenose moderada e durante o seguimento terem progredido para severa com o conseguinte risco.
As diretrizes atuais do ACC/AHA recomendam um seguimento de perto com ecocardiogramas anuais à espera de uma eventual progressão da estenose aórtica moderada, ainda que isso talvez não seja suficiente para alguns pacientes.
Título original: Poor long-term survival in patients with moderate aortic stenosis.
Referência: Strange G et al. J Am Coll Cardiol. 2019; Epub ahead of print.
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