IAMST em dissecções coronarianas: quando devemos tratá-la e quais são os seus resultados?

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Geralmente, a dissecção coronariana (DC) é pouco frequente em mulheres jovens e apresenta melhor evolução com tratamento médico. No entanto, em certas ocasiões se associa à elevação do segmento ST. Em tal cenário, a angioplastia com implante de stent é um verdadeiro desafio.

infarto peri-procedimiento

Foram analisados 4.298 pacientes que tiveram IAMST. Dentre eles, 53 apresentaram DC (1.23%).

O grupo com IAMST DC tendeu a ser de pacientes mais jovens, composto majoritariamente por mulheres, com menor BMI e menos fatores de risco de doença coronariana, mas com duas vezes mais choque cardiogênico (18,9% vs. 9,1%; p = 0,002).

13% dos pacientes que apresentaram IAM DC se encontravam grávidas.


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A artéria mais frequente nesse grupo foi o tronco da coronária esquerda e da descendente anterior.

A taxa de revascularização foi menor também nesse grupo: 70% vs. 97% (p < 0,001). Assim, 31 pacientes receberam ATC com stent, 3 pacientes receberam ATC com balão e outros três pacientes foram submetidos a CRM.

A necessidade de ATC se associou a choque cardiogênico, dissecção no tronco da coronária esquerda, dissecções proximais ou fluxo TIMI 0-1.

O sucesso da ATC foi de 91%. Esses pacientes receberam mais stents e stents de maior comprimento.


Leia também: Devemos fazer revascularização completa no infarto agudo do miocárdio com múltiplos vasos?


A sobrevida em 3 anos foi maior no grupo IAMST DC: 97% vs. 84% (p < 0,001).

Conclusão

Os pacientes com IAMST DC representam um grupo significativo, particularmente entre mulheres jovens, caracterizado por apresentar mais frequentemente comprometimento do tronco da coronária esquerda e choque cardiogênico em comparação com o IAMST por doença aterosclerótica. A ATC é bem-sucedida na maioria dos pacientes e tem baixa mortalidade em 3 anos.

Gentileza do Dr. Carlos Fava.

Título original: Revascularization in Patients With Spontaneous Coronary Artery Dissection and ST-Segment Elevation Myocardial Infarction.

Referência: Angie S. Lobo, et al. J Am Coll Cardiol 2019;74:1290–300.


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