Idosos e polifarmácia: o que deveríamos suspender?

É muito frequente que recebamos pacientes idosos polimedicados (com até mais de 10 drogas diferentes) que nos pedem para reavaliar as indicações para, dentro das possibilidades, suspender algum (ou alguns) medicamento(s). As razões são variadas: difícil aderência, esquecimento, confusão com as doses e, lamentavelmente, o custo monetário se impõe como a causa mais frequente. 

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As estatinas estão entre as drogas mais onerosas e quando se trata de um paciente idoso que nunca apresentou um evento cardiovascular (prevenção primária) a tentação de suspendê-las pode ser alta. De acordo com este trabalho, a tentação de suspender as estatinas é um grave erro que pode levar a um evento cardiovascular maior em até 1 de cada 3 pacientes com as características antes mencionadas. 

Esta análise conduzida pelo Dr. Philippe Giral – e recentemente publicada no European Heart Journal – mostrou que descontinuar as estatinas se associa a um aumento de 33% do risco de eventos cardiovasculares em pacientes idosos de 75 anos ou mais que a recebiam como prevenção primária. 


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A fundamentação do estudo se baseia no fato de a prevenção primária com estatinas em pacientes idosos de 75 anos ou mais não ter evidência que lhe dê respaldo e, por outro lado, representar um custo muito alto para o sistema de saúde. 

Esta coorte de 120.173 pacientes idosos de 75 anos ou mais sem história de doença cardiovascular relatou ter recebido estatinas por ao menos 2 anos antes da inclusão e tiveram um seguimento de em média 2,4 anos. Definiu-se como descontinuação a suspensão da administração por 3 meses consecutivos. 

Durante o seguimento, 14,3% dos pacientes descontinuaram as estatinas e 4,5% foram admitidos por um evento cardiovascular maior. 


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O risco ajustado para a descontinuação de estatinas foi de 1,33 para qualquer evento cardiovascular, de 1,46 para um evento coronariano, de 1,26 para um evento cerebrovascular e de 1,02 (já não significativo) para outros eventos vasculares. 

Conclusão

A descontinuação das estatinas se associou a um aumento de 33% do risco de os pacientes idosos que recebiam a medicação no contexto da prevenção primária apresentarem um evento cardiovascular.

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Título original: Cardiovascular effect of discontinuing statins for primary prevention at the age of 75 years: a nationwide population-based cohort study in France.

Referência: Philippe Giral et al. European Heart Journal (2019) 40, 3516–3525.


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