Desde janeiro de 2020 a infecção por COVID-19 tem se expandido, primeiro a partir da China, agora em todo o mundo. A clínica tem vários pontos em comum com a gripe, com sintomas leves ou assintomáticos na maioria dos casos. No entanto, em aproximadamente 15% dos casos o quadro se complica com uma pneumonia intersticial que pode levar à falha respiratória.
Perante a ausência de uma vacina ou tratamento específico há somente duas possibilidades: apostar no tratamento de suporte vital incluindo ventilação mecânica ou inclusive membrana de oxigenação extracorpórea (com a conseguinte saturação do sistema de saúde) ou tentar conter a expansão da doença com medidas drásticas (e antipáticas) como a quarentena.
A maioria dos centros e sistemas de saúde do mundo não estão preparados para administrar este brusco e colossal requerimento de leitos para tratar a falha respiratória aguda severa.
Esta emergência tem envolvido de forma progressiva os cardiologistas, já que perante a falta de leitos nas unidades de terapia intensiva é lógico recorrer aos leitos da unidade coronariana.
Este reordenamento deixou os “clássicos” pacientes cardiológicos sem lugar. Tal situação se torna evidente com o cancelamento de praticamente todas as cirurgias e procedimentos intervencionistas programados.
A crise é muito recente e aguda para podermos prever soluções rápidas a curto prazo. Afinal, todas as nossas considerações sobre a cardiologia ficam relegadas quando são comparadas com a necessidade de ajudar os pacientes infectados e tentar controlar a pandemia.
Somente um cardiologista psíquica e fisicamente preparado para enfrentar as consequências cara a cara (e não apenas com uma máscara e as mãos desinfectadas) pode ser de ajuda para sairmos ilesos desta “tempestade perfeita”.
Título original: The Cardiologist at the time of Coronavirus: a perfect storm.
Referência: Claudio Rapezzi y Roberto Ferrari. European Heart Journal 2020, 41(13), 1320–1322.
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